Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
estima-se que este ano a depressão será a doença mais incapacitante do planeta.
Além disso, o Brasil é o país com maior número de casos da América
Latina.
Com o objetivo de identificar qual é o
impacto tanto da depressão, quanto do estresse e da ansiedade no plano de saúde
e no beneficiário, a CAPESESP (Caixa da Previdência e Assistência dos
Servidores da Fundação Nacional de Saúde), filiada à UNIDAS (União Nacional das
Instituições de Autogestão em Saúde), realizou estudo identificando que pessoas
nessas condições utilizam mais o plano de saúde para serviços como consultas,
exames, terapias e internações, se comparado aos demais.
O estudo, que avaliou o perfil de 2.188
pessoas de um plano de autogestão por meio de aplicação on-line chamada DASS-21
(Depression Anxiety Stress Scale - 21), identificou que 24% dessas pessoas
apresentavam estresse, 8,7% ansiedade e 6,9% depressão. A partir disso, a
pesquisa identificou que as taxas anuais de utilização do plano por portadores
de estresse foram 12,8% maior para consultas, 5,6% para exames, 33,4% para
terapias e 49,2% para internações, se comparado aos demais beneficiários.
O mesmo quadro foi identificado nos casos de
pessoas com ansiedade, sendo a utilização 15,4% maior para consultas, 11,5%
para exames, 66,7% para terapias e 48,1% para internações, assim como para
pessoas com depressão, sendo 28,2% a mais consultas, 16% para exames, 16,7%
para terapias e 76,2% para internações. A pesquisa também constatou que 11,8% das
pessoas com estresse, 17,5% com ansiedade e 21,6% com depressão já foram
afastadas do ambiente de trabalho por problemas de saúde.
Em relação ao perfil dos beneficiários
avaliados, a pesquisa identificou que todos os transtornos foram mais
prevalentes em mulheres e que os idosos apresentaram maiores níveis de
ansiedade e de depressão: 11,5% e 7,6%, respectivamente. Além disso, o estresse
foi a alteração mais prevalente em adultos jovens, representando 34,9%. O
recorte social também foi outro fator observado. Quanto menor a faixa salarial,
maiores foram os níveis de ansiedade e de depressão: 12,7% e 8,4% na mesma
ordem.
A utilização do plano de saúde por
beneficiários identificados com estresse, ansiedade e depressão participantes
da pesquisa teve impacto significativo nas despesas assistenciais,
representando custo incremental de aproximadamente R$ 56,2 milhões anual.
“Com a pesquisa, é possível identificar que a
saúde mental exige uma gestão eficiente do plano de saúde. Além disso,
implantar projetos de humanização do tratamento e investir em alternativas
terapêuticas inovadoras podem contribuir para amenizar esse quadro”, conclui
João Paulo dos Reis Neto, presidente da CAPESESP.
“É importante considerar que a saúde mental
tem impacto na gestão do plano de saúde e, principalmente, na vida do
beneficiário, que é o mais importante. Sendo assim, é fundamental integrar a
saúde mental com a Atenção Primária à Saúde, proporcionando assistência
integral para o paciente”, conclui Marina Yasuda, diretora técnica da UNIDAS.