Com os rendimentos comprometidos por causa da
queda dos juros, o interesse na caderneta de poupança começou 2020 em baixa. Em
janeiro, os investidores retiraram R$ 12,36 bilhões a mais do que depositaram
na aplicação, informou hoje (6) o Banco Central. Essa foi a maior retirada
mensal líquida da história desde o início da série, em 1995.
O recorde anterior tinha sido registrado em
janeiro de 2016, quando a retirada líquida somou R$ 12,03 bilhões.
Tradicionalmente, o primeiro mês do ano apresenta forte retirada de recursos da
poupança. Isso porque a população usa parte das reservas financeiras para
cobrir gastos de início de ano, como impostos, material escolar e quitar as
compras de Natal.
Até 2014, os brasileiros depositavam mais do
que retiravam da poupança. Naquele ano, as captações líquidas chegaram a R$ 24
bilhões. Com o início da recessão econômica, em 2015, os investidores passaram
a retirar dinheiro da caderneta para cobrir dívidas, em um cenário de queda da
renda e de aumento de desemprego.
Em 2015, R$ 53,57 bilhões foram sacados da
poupança, a maior retirada líquida da história. Em 2016, os saques superaram os
depósitos em R$ 40,7 bilhões. A tendência inverteu-se em 2017, quando as
captações excederam as retiradas em R$ 17,12 bilhões, e em 2018, com captação
líquida de R$ 38,26 bilhões. Em 2019, a poupança registrou captação líquida de
R$ 13,23 bilhões.
Com rendimento de 70% da Taxa Selic (juros
básicos da economia), a poupança está atraindo menos recursos porque os juros
básicos estão no menor nível da história. Com a Selic em 4,25% ao ano, o
investimento está cada vez rendendo menos.
Em 2019, a aplicação rendeu 4,26%, segundo o
Banco Central, contra inflação oficial de 4,31% pelo Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA).
Para 2020, o Boletim Focus, pesquisa com
instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, prevê inflação oficial
de 3,4% pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Com a atual fórmula
de rendimento, a poupança renderá 2,975% em 2020, caso a Selic permaneça em
4,25% ao longo de todo este ano.
Fonte:
Agencia Brasil