Cientistas descobriram que ouvir Mozart, um dos gênios da história da música, pode ajudar no tratamento de epilepsia que não é resolvida com remédios.
Os cientistas testaram uma das sonatas de Mozart, mas pretendem fazer o mesmo com outras composições do gênio austríaco (Foto: Pixabay) |
As meta-análises apoiam a musicoterapia como uma intervenção complementar para a epilepsia e mostram que a música de Mozart pode diminuir as convulsões.
Antes, a ciência já havia provado que a mesma Sonata teve sucesso no tratamento amplo da doença, conforme divulgamos aqui no SóNotíciaBoa.
Primeiros estudos
Em 1993, os pesquisadores americanos Gordon Shaw e Frances Rauscher demonstraram que essa música, em particular, melhorava o desempenho de crianças em tarefas envolvendo raciocínio espacial e temporal.
O neurologista John Hughes notou que pessoas com a chamada epilepsia refratária, quando ouviam a sonata, apresentavam redução da atividade de impulsos epiléticos.
Um outro estudo, publicado na Revista Science, foi feito pelos italianos Dr. Gianluca Sesso e Dr. Federico Sicca, da Universidade de Pisa.
Epilepsia incurável
Mesmo com a informação sobre o potencial terapêutico de Mozart, ainda restavam questões: essa é a única música capaz de ajudar no tratamento de pessoas com epilepsia refratária? E por que?
Pensando nisso, pesquisadores da Dartmouth College, nos EUA, resolveram investigar. Eles separaram 16 pessoas que viviam com o problema e as monitoraram com auxílio de implantes cerebrais.
O objetivo era mapear as descargas epileptiformes interictais (DEI), que ocorrem entre crises.
Experiência
Os voluntários foram divididos em dois grupos: o primeiro escutou a K. 448 por 15 segundos, enquanto o segundo ouviu a música por um minuto e meio.
De acordo com o estudo, os resultados foram mais expressivos naqueles que ficaram expostos à sonata por mais tempo. Esses apresentaram diminuição significativa das descargas epileptiformes, além de mostrar efeitos expressivos em partes do cérebro associadas à emoção.
A explicação pode estar na estrutura da música.
Os cientistas observaram que os efeitos aumentavam durante transições de segmentos musicais longos, que duravam 10 segundos ou mais. É como se você estivesse entretido naquele som e, de repente, ele mudasse.
Essa surpresa causada pelos tons melódicos contrastantes seria a responsável pela resposta emocional positiva e consequente queda das DEIs.
Os pesquisadores também apresentaram aos participantes músicas das quais eles gostavam, buscando entender se a afeição pela melodia poderia ter alguma influência no comportamento cerebral, mas isso não gerou nenhum efeito.
A partir de agora, os cientistas pretendem trabalhar na composição de músicas que espelham a estrutura da sonata de Mozart, criando composições “anti-epiléticas”, que poderiam ser utilizadas no tratamento daqueles que vivem com epilepsia refratária.
Fonte: Superinteressante