Pneus ficam carecas após apenas 4.000 km percorridos: Entenda o caso


O influenciador Fabrizio Gueratto comprou um par de pneus novos da marca WanLi para o eixo traseiro de seu BMW em meados de abril. Com apenas 4 mil quilômetros rodados, sentiu o veículo ‘escapar’ em uma curva – e quando se deu conta, viu que eles estavam totalmente desgastados.

“De início, pensei que pudesse ser óleo na pista. Mas no dia seguinte, meu pai alertou sobre os pneus que já estavam carecas”, diz Gueratto à reportagem do iG Carros. “Como pode um pneu durar 4 mil quilômetros? Isso é completamente absurdo”.

Em condições normais, um pneu tem vida útil entre 40 e 50 mil quilômetros. A recomendação geral é que seja feito um rodízio em "X" – ou seja, as duas rodas traseiras vão invertidas para a dianteira, e vice-versa – entre 5 e 10 mil quilômetros.

Gueratto havia comprado o par WanLi nas medidas nas medidas 255/40 R19. O vendedor dos pneus, o site Clube da Borracha, solicitou imagens para um laudo. A conclusão da loja foi de que o desgaste prematuro foi motivado por ‘práticas esportivas com pressão inadequada’.

“Pelas fotos que enviei, fizeram um laudo dizendo que os pneus estão sem defeito e que o desgaste é normal. Talvez por ter rodado com eles murchos. Mas detalhe, meu carro indica no painel se a pressão de um dos pneus estiver inadequada”, diz o influenciador, que fez denúncias no Procon-SP e no Inmetro sobre o produto.

Sobre a análise técnica apenas por imagens enviadas via WhatsApp, o Clube da Borracha afirma ao iG Carros: ‘As fotos enviadas foram repassadas para o nosso setor de Perícias Técnicas, e foi possível analisar e gerar o laudo apenas com essas imagens, sem a necessidade da coleta dos pneus”.

O Clube da Borracha esclarece que o laudo feito apenas com imagens, sem a coleta técnica dos pneus, possui validade legal. Fundada em 1997, a empresa é uma das maiores importadoras de pneus do país.

"Prezamos pela confiança, respeito e demonstramos compromisso de fazermos negócio com integridade e profissionalismo e de modo algum temos a intenção de causar algum dano a nossos clientes", diz o posicionamento do Clube da Borracha.

O que diz o Procon?

Procon-SP diz que vistoria tem amparo legal, mas que o cliente está certo em questionar os meios técnicos utilizados – Foto: Divulgação

Consultado por nossa reportagem, o Procon-SP diz que não há o entendimento de que o laudo dos pneus feito apenas com imagens, sem a coleta do produto, esteja ferindo o Código de Defesa do Consumidor. Entretanto, a coordenadora de atendimento Renata Reis afirma que o cliente está certo em questionar os meios técnicos por trás da vistoria.

“O cliente pode fazer uma demanda no Procon a respeito dos meios técnicos da vistoria. Ele pode questionar: ‘Como vocês conseguem identificar o defeito apenas por fotos? Que base técnica foi utilizada para atestar o mau uso do produto?’. Isso pode fortalecer o pedido”, diz a coordenadora.

Como fortalecer argumentos

Renata Reis afirma que Fabrizio Gueratto pode buscar formas de fortalecer seu argumento de que o desgaste não se deve ao mau uso até a data da audiência. “Qualquer profissional habilitado que possa assinar indicando as especializações técnicas – um vendedor de pneus, por exemplo – pode fazer uma análise para contestar o laudo que a empresa apresenta”, diz a coordenadora.

A profissional também afirma que não é obrigatório ter um laudo de terceiros para contestar a vistoria por imagens feita pelo Clube da Borracha. Fabrizio Gueratto tem uma audiência marcada no Procon-SP para o próximo dia 1 de outubro. Ele ainda aguarda um posicionamento do Inmetro sobre os pneus WanLi.

Fonte: iG



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