Aqueles que estão curiosos para saber o conteúdo do testamento do príncipe Philip talvez queiram passar essa tarefa para seus filhos e netos. Isso porque, de acordo com a BBC, o presidente da Divisão de Família do Tribunal Superior de Londres, Sir Andrew McFarlane, decretou na última quinta-feira, dia 16, que esse documento só poderá ser aberto daqui a 90 anos.
De acordo com o veículo, McFarlane não teve acesso a nenhuma informação do testamento que não fosse a data de sua elaboração e a identidade de seu executor nomeado. O juiz determinou, então que um processo privado pode ser realizado após o período de 90 anos para determinar se os documentos devem ou não ser abertos, argumentando que a medida visa preservar a dignidade da Rainha Elizabeth II e de seus descendentes:
Entendo que, devido a posição constitucional do Soberano, é apropriado ter uma prática especial em relação aos testamentos reais. É necessário aumentar a proteção conferida aos aspectos verdadeiramente privados da vida desse grupo limitado de indivíduos, a fim de manter a dignidade da Soberana e dos membros próximos de sua família.
As informações ainda apontam que, em julho de 2021, Sir Andrew realizou uma audiência privada para a discussão dessa medida com os advogados que representam a herança do falecido Duque de Edimburgo e com o procurador-geral, que representa o interesse público. A reunião foi mantida fora dos holofotes sob a justificativa de que sua veiculação na mídia teria gerado publicidade e conjecturas muito significativas que anulariam o propósito da discussão.
De toda forma, o magistrado teria afirmado que, durante a audiência em questão, acabou aceitando o argumento de que o testamento de Philip está restrito à esfera do interesse privado de sua própria família, e não deve se curvar ao interesse público:
Aceitei a alegação de que, embora possa haver curiosidade pública quanto aos arranjos privados que um membro da família real pode decidir fazer em seu testamento, não há verdadeiro interesse público no conhecimento público dessas informações totalmente privadas.
A determinação, no entanto, não representa uma grande novidade para a monarquia. A revista People conta que manter o testamento de membros da família real em sigilo por anos após a morte desses indivíduos é costume há quase um século. Informações ainda indicam que McFarlane, na posição de presidente da Divisão de Família, teria sob sua tutela mais de 30 envelopes contendo os últimos desejos dos membros da realeza.
Fonte: Estadão