A fabricação de cerveja artesanal tem crescido no Espírito Santo e já conta com aproximadamente 50 marcas, sendo que pelo menos cinco delas já receberam prêmios nacionais e internacionais pela qualidade do produto. Juntas, as empresas produzem entre 400 mil e 500 mil litros da bebida por mês, segundo projeções da Associação da Cerveja Artesanal do Espírito Santo.
Essas bebidas, que são registradas junto ao Ministério da Agricultura (Mapa) podem ser comercializadas não apenas em terras capixabas, mas também em outras áreas do país, inclusive em supermercados, embora seja mais comum encontrá-las em espaços para degustação, nas próprias fábricas e em eventos.
Conforme explicou o presidente da Associação, Paulo de Victa Alves, a maior parte das produtoras trabalha com diversos tipos de bebida, como Pielsen, IPA, American IPA, entre outras. Cada uma é produzida de uma forma, e os processos, assim como os ingredientes utilizados, ajudam a definir, por exemplo, a cor da bebida. Quando o malte é mais torrado, por exemplo, o líquido pode apresentar coloração mais escura.
Algumas produtoras, Alves avalia, chegam a produzir até dez variedades da “gelada” e conta que essa produção diferenciada é o que atrai o consumidor, mesmo que os preços praticados pelas grandes indústrias do setor possam ser considerados mais atrativos, a depender da situação.
Um dos principais diferenciais da produção artesanal são os insumos: malte puro, lúpulo diferenciado, a levedura. Muitos dos itens utilizados, inclusive, são importados de locais como os Estados Unidos, saindo tanto de pequenas produtoras especializadas, como de grande empresas.
"E tem o formato de produção, claro. Uma cerveja nossa leva, em média, de 15 a 24 dias para ser produzida, dependendo do estilo. É diferente da produção de grandes cervejarias, que acontece em um período muito mais curto.”
Alves observa que o cuidado com a fabricação da bebida tem garantido destaque às cervejas capixabas, e que a própria KingBier, da qual é proprietário, já foi contemplada com nove prêmios, sendo cinco internacionais e quatro nacionais. "Também temos, por exemplo, a Barba Ruiva, a Três Torres e a Trindade, que têm conseguido se sobressair."
"Esse movimento, de modo geral, traz para o Estado a capacidade de reinvestir tudo aquilo que é feito dentro do mercado aqui mesmo. Essas empresas geram emprego e renda e esses recursos giram dentro do Espírito Santo, movimentando a economia", disse Paulo de Victa Alves, presidente da Associação da Cerveja Artesanal do Espírito Santo.
Conforme explicou o sócio-proprietário da Piwo e presidente da Associação das Cervejarias Artesanais das Montanhas do Espírito Santo (Acames), Stanislaw Duda Deps, cerca de metade das produtoras do Estado está situada na Região Serrana, sendo que, destas, dez são associadas à entidade.
Muitas das cervejarias estão localizadas dentro de propriedades rurais particulares e, segundo Deps, têm permitido uma grande diversificação do agroturismo capixaba.
“O agroturismo é algo muito forte no Estado, principalmente na área de Venda Nova do Imigrante. E ali na região há muitas propriedades produtoras que foram virando a chave, percebendo o crescimento desse universo cervejeiro. O interesse cada vez maior com bebidas de padrão elevado foi levando o público a buscar pela cerveja artesanal."
Com o aumento de interesse, ele reforça, cresce também o número de produtores, que subiu muito nos últimos anos. Para se ter ideia, em 2016, por exemplo, havia somente quatro cervejarias capixabas registradas junto ao Mapa. Em cinco anos, o número cresceu em mais de dez vezes, segundo as projeções das associações.
“Hoje já temos marcas regionais até em prateleiras de mercado. E o capixaba gosta de comprar o que foi produzido aqui", destacou Deps.
Fonte: A Gazeta