Até que ponto as novas tecnologias podem afetar a nossa saúde física e mental?


Há pouco tempo, para pagar um boleto ou resolver alguma coisa relativa à sua conta no banco, você era obrigado a ficar horas de pé, esperando, em filas intermináveis, até ser atendido por um caixa. 

Atualmente, você utiliza o aplicativo do celular ou tem a comodidade dos caixas eletrônicos para resolver tudo de forma rápida e sem perda de tempo e paciência. Esse é só um dos exemplos que mostram como os avanços da tecnologia, que surgem a cada minuto, estão mudando drasticamente a forma como vivemos. Podemos citar vários outros exemplos de como as inovações tecnológicas têm agilizado as nossas vidas, tornando tudo mais prático.

Das possibilidades de praticar o home office, ou seja, trabalhar de casa, sem precisar ficar parado por horas no trânsito congestionado para ir e vir do escritório, às facilidades de comunicação e acesso à informação, podendo estar conectado às pessoas e ao mundo 24 horas, ninguém dúvida que os avanços tecnológicos tornaram os nossos dias mais fáceis.

Porém, tanto conforto e praticidade acabam gerando discussões em torno de possíveis impactos que a utilização excessiva de tantos dispositivos modernos pode causar, afetando o comportamento humano e os desempenhos físico e mental das pessoas.

Poder de escolha

Mas será que as inovações tecnológicas como automóveis, casas inteligentes, eletrodomésticos, controles remotos, smartphones, por exemplo, realmente nos deixaram mais preguiçosos e sedentários e podem trazer problemas para a nossa saúde? Para o Dr. José Augusto Ferreira, médico especializado em clínica médica e medicina intensiva e diretor de Provimento e Saúde da Unimed-BH, a resposta está na maneira com que cada pessoa faz uso da tecnologia. 

“Eu tenho amigos que preferem o livro físico e outros que já leem por meio de dispositivos eletrônicos”, lembra o especialista, ressaltando que com o acesso cada vez mais facilitado aos equipamentos as pessoas ganharam poder de escolha. 

“Eu decido se vou cozinhar em casa ou se peço comida pelo aplicativo. Se vou ao supermercado de carro ou a pé. Cada um tem a possibilidade de escolher a forma que vai utilizar ou, até mesmo, se vai usar ou não a tecnologia”. 

Apesar de reconhecer os benefícios, o médico faz um alerta quanto aos excessos no uso dos aparatos tecnológicos. 

“Já existe uma tendência nas pessoas de terem problemas na coluna cervical de tanto ficarem com o pescoço na mesma posição olhando o celular”, diz. 

O especialista avalia que a solução está na capacidade natural que o ser humano tem de se adaptar às novas realidades. 

“Algumas coisas vão acontecer e isso é natural da evolução humana. Daqui duzentos anos, certamente, as pessoas vão nascer com o pescoço mais curvado, que é para ficar mais fácil olhar o celular”, brinca. 

“Cada Era traz os seus benefícios, mas também traz as suas consequências, não tenho a menor dúvida”.


Bem comum

Para o outro especialista ouvido pelo Bem Viver Em Minas, o médico infectologista Dr. Jerson Soares Antunes Jr, que atua na linha de frente do programa de Teleconsulta da Unimed-BH, é importante ter em mente que muitas das inovações tecnológicas vieram para ficar e que é essencial saber lidar com elas sem que as mudanças em nosso comportamento afetem negativamente nossa saúde, tanto física quanto mental. 

“A tecnologia está aí e não dá para querer virar as costas para ela. Em algum momento, você vai precisar dela”. Para ele, a mesma tecnologia que amplia as possibilidades de viver mais e melhor também pode trazer enormes prejuízos para a saúde, por exemplo. 

“Quanto menos atividades físicas eu faço, quanto mais produtos industrializados eu consumo, mais problemas eu vou ter. A tecnologia cria situações, que se não souber lidar com elas, você terá o seu tempo de vida reduzido”, avalia. O especialista acrescenta que os seres humanos têm a responsabilidade de entender e utilizar as novas tecnologias para o bem comum. 

“Da mesma forma que as viagens ficaram mais aceleradas e hoje você consegue chegar mais rápido aos lugares, as doenças também ganharam velocidade de disseminação, como a Covid-19 que em questão de pouco tempo se espalhou pelo mundo”.

Limitações

Na página de Educação do G1, a psicóloga e psicopedagoga Ana Cássia Maturano publicou um artigo onde ressalta sobre os riscos que o uso exagerado dos aparatos tecnológicos pode trazer para a saúde. Em seu texto, ela reforça o depoimento dos especialistas ouvidos pelo Bem Viver Em Minas quando confirma a importância da tecnologia para facilitar o dia a dia, mas que, apesar disso, as inovações também trazem aspectos negativos como a limitação da evolução cerebral e o sedentarismo. “Estamos sempre procurando facilitar a nossa vida, mas ganha-se de um lado e perde-se do outro. Se as coisas se tornam mais fáceis e rápidas, isso nem sempre traz vantagens. Do mesmo modo que temos prejuízos físicos, também temos mentais: a mente, assim como o corpo, também precisa ser exercitada”, analisa.

Fonte: G1



Postagem Anterior Próxima Postagem