Curta 'Filhas de Lavadeira' é eleito melhor filme pelo Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2021

Cena do filme "Filhas de Lavadeiras", de Edileuza Penha de Souza — Foto: IFB/ Divulgação

O curta-metragem brasiliense "Filhas de Lavadeira" conquistou o júri do 20ª Grande Prêmio do Cinema Brasileiro – a maior e mais importante premiação para o audiovisual do país, concedido anualmente pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais (ABCAA).

A produção deu à professora do Instituto Federal de Brasília (IFB) e cineasta, Edileuza Penha de Souza, o prêmio de melhor curta-documentário.

"Estou muito feliz. Acredito que estamos no caminho certo, de dar voz para mulheres que foram historicamente silenciadas. Esse cinema é urgente", diz Edileuza.

O documentário reúne gerações de mulheres negras – todas filhas de lavadeiras – que relatam como as histórias de resistência das mães forneceram a elas as bases material e afetiva necessárias para transcender narrativas estigmatizadas acerca da mulher negra. O curta foi inspirado na obra de Maria Helena Vargas, mulher negra que foi escritora, pedagoga e professora, e que viveu em Brasília.

O resultado do festival foi divulgado em 28 de novembro. Outros seis títulos concorreram com a produção brasiliense na categoria. O documentário foi produzido com recursos do Fundo de Apoio à Cultura, da Secretaria de Cultura do Distrito Federal.

"Sabemos fazer cinema com qualidade. O que a gente não tinha era oportunidade. 'Filhas de Lavadeira' é um filme de mulher negra dando voz a outras mulheres negras, construindo um cinema negro no feminino”, define a diretora.

Edileuza Penha, professora da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora de cinema negro desde 2006. — Foto: G1 Cultural/Reprodução

Premiado internacionalmente

Em 2020, "Filhas de Lavadeira" também ganhou o prêmio de melhor curta-documentário da 25ª edição do Festival É Tudo Verdade – um dos eventos mais importantes para o cinema documental da América Latina. Edileuza Penha foi a única mulher negra, em sua posição, premiada na ocasião.

No mesmo dia em que ganhou como melhor curta-documentário, a produção da cineasta também conquistou o Prêmio Aquisição Canal Brasil de Incentivo ao Curta-Metragem, no valor de R$ 15 mil. Esses títulos somam-se a outros, como:
  • Troféu Tesourinha de Júri Popular no 8º Festival Internacional de Curtas de Brasília
  • Melhor filme pelo júri popular
  • Melhor filme pela região Centro-Oeste, Norte e Nordeste (Conne) no 7° Festival de Cinema Feminino - Tudo sobre Mulheres, em Cuiabá-MT
  • Menção Honrosa no 4° Cine Tamoio - Festival de Cinema de São Gonçalo/RJ de 2019


Professora Edileuza Penha de Souza. — Foto: Lauro Vasconcelos/Seduc-MA

Sobre Edileuza Penha

Negra, capixaba de nascença, professora, escritora, documentarista e mãe de seis filhos, Edileuza Penha tem na trajetória de vida a marca da luta por um ensino que inclua narrativas e protagonismo da população negra.

A professora mora em Brasília há mais de 15 anos. Ela veio para a capital federal, a convite do Ministério da Educação (MEC), para ajudar implementar a Lei 10.639, de 2003 – que determina o ensino da "História e Cultura Afro-Brasileira" na educação básica.

Desde 2006, Edileuza pesquisa e incentiva o cinema negro, e fez diversos filmes que abordam questões de gênero e raça. Ela também ajudou a criar a Mostra Competitiva de Cineastas e Produtoras Negras Adélia Sampaio.

Em 2015, a cineasta dirigiu o curta "Mulheres de Barro". A narrativa dá espaço para o relato de 12 mulheres paneleiras e congueiras de Goiabeiras Velhas (ES).

Fonte: G1


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