Cena do filme "Filhas de Lavadeiras", de Edileuza Penha de Souza — Foto: IFB/ Divulgação |
O curta-metragem brasiliense "Filhas de Lavadeira" conquistou o júri do 20ª Grande Prêmio do Cinema Brasileiro – a maior e mais importante premiação para o audiovisual do país, concedido anualmente pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais (ABCAA).
A produção deu à professora do Instituto Federal de Brasília (IFB) e cineasta, Edileuza Penha de Souza, o prêmio de melhor curta-documentário.
"Estou muito feliz. Acredito que estamos no caminho certo, de dar voz para mulheres que foram historicamente silenciadas. Esse cinema é urgente", diz Edileuza.
O documentário reúne gerações de mulheres negras – todas filhas de lavadeiras – que relatam como as histórias de resistência das mães forneceram a elas as bases material e afetiva necessárias para transcender narrativas estigmatizadas acerca da mulher negra. O curta foi inspirado na obra de Maria Helena Vargas, mulher negra que foi escritora, pedagoga e professora, e que viveu em Brasília.
O resultado do festival foi divulgado em 28 de novembro. Outros seis títulos concorreram com a produção brasiliense na categoria. O documentário foi produzido com recursos do Fundo de Apoio à Cultura, da Secretaria de Cultura do Distrito Federal.
"Sabemos fazer cinema com qualidade. O que a gente não tinha era oportunidade. 'Filhas de Lavadeira' é um filme de mulher negra dando voz a outras mulheres negras, construindo um cinema negro no feminino”, define a diretora.
Edileuza Penha, professora da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora de cinema negro desde 2006. — Foto: G1 Cultural/Reprodução |
Premiado internacionalmente
Em 2020, "Filhas de Lavadeira" também ganhou o prêmio de melhor curta-documentário da 25ª edição do Festival É Tudo Verdade – um dos eventos mais importantes para o cinema documental da América Latina. Edileuza Penha foi a única mulher negra, em sua posição, premiada na ocasião.
No mesmo dia em que ganhou como melhor curta-documentário, a produção da cineasta também conquistou o Prêmio Aquisição Canal Brasil de Incentivo ao Curta-Metragem, no valor de R$ 15 mil. Esses títulos somam-se a outros, como:
- Troféu Tesourinha de Júri Popular no 8º Festival Internacional de Curtas de Brasília
- Melhor filme pelo júri popular
- Melhor filme pela região Centro-Oeste, Norte e Nordeste (Conne) no 7° Festival de Cinema Feminino - Tudo sobre Mulheres, em Cuiabá-MT
- Menção Honrosa no 4° Cine Tamoio - Festival de Cinema de São Gonçalo/RJ de 2019
Professora Edileuza Penha de Souza. — Foto: Lauro Vasconcelos/Seduc-MA |
Sobre Edileuza Penha
Negra, capixaba de nascença, professora, escritora, documentarista e mãe de seis filhos, Edileuza Penha tem na trajetória de vida a marca da luta por um ensino que inclua narrativas e protagonismo da população negra.
A professora mora em Brasília há mais de 15 anos. Ela veio para a capital federal, a convite do Ministério da Educação (MEC), para ajudar implementar a Lei 10.639, de 2003 – que determina o ensino da "História e Cultura Afro-Brasileira" na educação básica.
Desde 2006, Edileuza pesquisa e incentiva o cinema negro, e fez diversos filmes que abordam questões de gênero e raça. Ela também ajudou a criar a Mostra Competitiva de Cineastas e Produtoras Negras Adélia Sampaio.
Em 2015, a cineasta dirigiu o curta "Mulheres de Barro". A narrativa dá espaço para o relato de 12 mulheres paneleiras e congueiras de Goiabeiras Velhas (ES).
Fonte: G1