Família de capixaba desaparecido na França sofre também com trotes e ameaças telefônicas


Além de lidar com o desaparecimento do estudante Robson Amorim de Freitas, de 32 anos, que completa uma semana neste domingo (30), a família do rapaz tem sofrido com trotes constantes e até ameaças telefônicas.

"São pessoas covardes que se aproveitam da fragilidade do momento e querem até dar golpes. É uma falta de sensibilidade enorme", reclamou o primo de Freitas, o engenheiro civil Gedson Amorim de Freitas, 38, que desde semana passada passou a acompanhar o drama dos tios, passando a morar na casa deles em Ibatiba.

Ele diz que um dos golpistas conseguiu acesso ao número de telefone da mãe do estudante. "Ela já está bastante abalada. Aí, recebeu uma mensagem de um homem dizendo que Robson devia 370 euros (R$ 2.213,63 no câmbio deste domingo) para ele. Ele ameaçou dizendo que se não tivesse essa quantia, ela não teria boas notícias do filho", relatou.

Segundo Freitas, a irmã de Robson, a advogada Cyntia de Freitas Amorim Silotti, revoltada, respondeu ao farsante dizendo que iria denunciá-lo para a Interpol e que o número do telefone da mãe estava sendo monitorado pelas autoridades, bem como os autores das mensagens. "Imediatamente, ele apagou todas as mensagens de ameaça. Não foi mais encontrado quando tentamos ligar para ele", acrescentou.

Robson Amorim sofre de crise do pânico e, segundo familiares, teve um surto antes de embarcar para o Brasil
 - Foto: Pedro Henrique de Amorim

Nesta segunda-feira (31), Cyntia irá para Vitória e tentará tirar um passaporte em caráter emergencial a fim de que viaje para a França e possa acompanhar as buscas pelo irmão.

Advogada brasileira registrou boletim de desaparecimento junto à polícia francesa

Paralelo a esses trotes, o engenheiro contou que há uma rede forte de solidariedade formada por voluntários brasileiros e franceses em Paris. "Há muito gente boa no mundo, graças a Deus. São pessoas que se sensibilizaram com esse sumiço e nos mantém informados.

Ele falou que os esforços de uma advogada começam a fazer a diferença. "Uma advogada, brasileira radicada em Paris, ficou sabendo do desaparecimento, viu os telefones dos cartazes que os voluntários estão pregando em pontos da capital francesa e conseguiu registrar um boletim de desaparecimento no sábado junto às autoridades policiais francesas. Assim, oficialmente, ele está desaparecido na França. Amanhã (segunda, 31 de janeiro), ela vai novamente cobrar da polícia pois farão 48 horas do registro do boletim e eles terão que dar início às buscas", explicou.

A última informação que a família teve do rapaz, desaparecido desde o último domingo (23), é que ele foi levado pela do Aeroporto Charles de Gaulle, onde teve uma crise de pânico, para um hospital da cidade.

O rapaz passou a noite no local e foi liberado na manhã do dia 24, com o passaporte e o celular, mas o aparelho estava sem bateria.

"Precisamos mobilizar a opinião pública, fazer barulho e chamar a atenção nas redes sociais para que as autoridades se mexam", reforça o primo.

Relembre o desaparecimento

O estudante Robson Amorim de Freitas, de 32 anos, está desaparecido desde o último domingo (23). Natural de Ibatiba, no Sul do Espírito Santo, o rapaz estava fora do país para estudar.

Os familiares contam que Robson foi visto pela última vez no Aeroporto de Paris-Charles de Gaulle, na França.

De acordo com o irmão, Pedro Henrique de Amorim, o rapaz se mudou a Irlanda há cerca de dois meses e tinha planos de passar um ano estudando inglês no país europeu. Ele conta que, além dos estudos, Robson trabalhava em um restaurante.

Segundo os familiares, o jovem já havia enfrentado problemas ligados à síndrome do pânico no Brasil, mas fez tratamento e estava bem até duas semanas atrás. O irmão relatou que ao passar das últimas semanas, Robson voltou a apresentar indícios de recaída.

Com isso, o estudante decidiu que o melhor seria retornar ao Brasil. No domingo (23), última vez em que os familiares conseguiram falar com Robson, o rapaz contou que iria procurar tratamento psiquiátrico.

"Há duas semanas ele já falava disso conosco, mas não imaginávamos que era tão sério, pois ele sempre aparentava estar bem e trabalhando. Ele estava vindo para o Brasil para se tratar, ele falou isso com a minha irmã no domingo, que precisava de tratamento psiquiátrico", contou o irmão do estudante.

A irmã do rapaz, Cyntia de Freitas, conta que o voo de Robson estava marcado para chegar no último final de semana, no entanto, o estudante não conseguiu embarcar por estar em meio à uma crise de ataque de pânico.

Os irmãos Pedro Henrique, Cyntia e Robson Amorim de Freitas - Foto: Pedro Henrique de Amorim

O último contato dos irmãos com Robson foi às 15h30, antes dele sumir no aeroporto.

A família acionou as autoridades internacionais, mas foi informada de que no país não há procedimento de busca por pessoas desaparecidas.

"A lei de lá não permite a polícia procurar ele em lugar nenhum, eles entendem que é direito da pessoa se quiser sair sem dar notícias. Nós não estamos conseguindo fazer o boletim de ocorrência lá na França, temos um primo que está tentando, mas eles dizem que não fazem ocorrência de quem desapareceu. Só se ele tivesse cometido algum crime", informou Pedro Henrique.

Solidariedade no mundo real e virtual

Para ajudar a família a encontrar o rapaz, deste sábado (29), pessoas solidárias que vivem em Paris, de diferentes nacionalidades, estão colando cartazes pelas ruas da cidade com fotos do estudante e telefones de contato.

A informação de que Robson foi levado do Aeroporto Charles de Gaulle para um hospital foi conseguida por meio da ajuda de uma advogada francesa, que se solidarizou com o caso e, mesmo sem ser contratada pela família, procurou a polícia e o aeroporto para obter dados, e procurou a família.

"As pessoas estão sendo muito solidárias na nossa busca. Brasileiros que moram na Europa, brasileiros nacionalizados na França, italianos, argentinos, espanhóis e pessoas de diversas outras nacionalidades estão tentando encontrá-lo voluntariamente", contou a irmã de Robson, a advogada Cyntia de Freitas Amorim Silotti.

Cyntia disse que ela ligou para o Consulado Brasileiro para dar a informação e que o órgão procurou a advogada francesa para confirmar os dados.As informações foram confirmadas, mas Robson ainda não foi encontrado.

Boletim de ocorrência

Além da advogada, Cyntia contou que uma outra mulher, também francesa, se solidarizou e registrou um boletim de ocorrência na polícia de Paris sobre o desaparecimento do estudante. "Ainda não havíamos conseguido fazer isso e uma pessoa que não nos conhece lá da França está nos ajudando".

E, neste sábado (29), moradores de Paris, de diferentes nacionalidades, estão colando cartazes pelas ruas da cidade com fotos do estudante e telefones de contato.

"Estamos recebendo vídeos desse apoio. Os cartazes estão sendo colados na ruas, no metrô, no aeroporto. Estamos muito gratos e não vamos parar até ele aparecer", disse Cyntia.

Apesar de tamanha solidariedade, ela contou que, infelizmente, a família também tem recebido trotes de pessoas afirmando que estão com ele, mas não é verdade.

"Estamos apelando para as autoridades que nos ajudem a encontrar o meu irmão", pediu ela.

Consulado brasileiro confirma sumiço de capixaba em Paris

O Consulado-Geral do Brasil em Paris confirmou à Agência Efe que está "fornecendo todo o apoio necessário" à família do estudante capixaba. 

Porta-vozes do Consulado disseram que estão em contato com a família de Robson, desde o dia 24 de janeiro, e que estão "fazendo todos os arranjos possíveis com as autoridades francesas".

Em algumas declarações à imprensa e em redes sociais, familiares do estudante disseram que ele sofria de doenças psiquiátricas e morava na Irlanda, onde trabalhava e estudava. Lá, teria sofrido um surto psicótico e embarcado para a capital francesa.

Convencido pela família, ele viajaria de Paris para o Brasil, mas teria desistido de embarcar no aeroporto após ter uma crise de ansiedade, e, desde então, não foi localizado.


Fonte: Portal R7



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