Alcoolismo e drogas no ES: busca por ajuda cresce e 1.300 recebem tratamento


O consumo excessivo ou excessivo e rotineiro de bebidas alcóolicas é considerado algo grave. De acordo com um levantamento realizado pela Organização Mundial da Saúde, o problema é crônico e mata 3 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. Com a chegada da pandemia e as consequências dela especialistas afirmam que o alcoolismo tornou-se ainda mais evidente.

No Espírito Santo, em 2021, cerca de 1.300 atendimentos relacionados à demanda específica de transtornos relacionados ao uso de álcool e outras drogas foram realizados nos serviços da Rede de Atenção Psicossocial. Em 2020 foram realizados 932 atendimentos. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde.

Segundo a médica gastroenterologista, Mayara Fiorott Lodi, os sintomas de que algo não vai bem, infelizmente, começam em uma fase mais avançada, quando o fígado já está comprometido, em grau de cirrose hepática.

"Nesse caso, os sintomas são icterícia (corpo amarelado), fadiga intensa, barriga d'água. Como surgem apenas em uma fase avançada da doença, os pacientes dependentes de bebidas alcóolicas só procuram ajuda quando o problema já está instalado", disse.

Para chegar a um grau extremo de severidade, Mayara lembra que a lesão no órgão tem que ser persistente, ou seja, o consumo de álcool tem que acontecer em grandes quantidades ou em excesso e diariamente.

"De acordo com um cálculo feito pela Sociedade de Hepatologia, é necessário o consumo, em média, de 20 a 40 gramas de álcool todos os dias durante pelo menos 10 anos para desencadear danos mais graves. Isso seria o equivalente a mais ou menos, duas tulipas de cerveja ou duas taças de vinho, todos os dias".

Também é fato que o uso esporádico, equilibrado, no fim de semana, sem abusos, afasta o risco de desenvolver problemas. Além disso, dependendo do grau de comprometimento, o fígado pode se regenerar. Ele é o único órgão do corpo humano com capacidade para isso.

Vale ressaltar que o álcool no organismo pode levar a outros males. "O abuso pode desencadear não só o dano hepático, mas distúrbios psiquiátricos, por conta do aumento de depressão e da ansiedade, atacar o sistema nervoso central levando a demência alcóolica e cardiopatias alcóolicas", pontuou a gastroenterologista.

Veja as recomendações para quem abusa da bebida alcóolica

- Pacientes que bebem em grande quantidade devem procurar um gastroenterologista ou hepatologista. Por meio de exames de sangue e imagem, os médicos poderão avaliar qual o grau de acometimento do fígado. Se existe dúvida de como anda a sua saúde, é importante buscar tratamento;

- O tratamento mais eficiente é parar de beber. Por ser um vício, é fundamental associar tratamentos psiquiátrico e psicológico. Segundo Mayara, não existe manter o consumo e proteger o fígado com remédios. A recomendação é parar totalmente;

- Fator de risco: pacientes com hepatites, obesos e diabéticos, que consomem bebidas alcóolicas em excesso, aumentam em até duas vezes os riscos de desenvolverem doenças como câncer e cirrose. Os cuidados com esse grupo têm que ser maiores.

Onde e como buscar ajuda

Quem precisa de ajuda pode buscar assistência por meio da Rede de Atenção Psicossocial, que inclui o Centro de Atenção Psicossocial. Segundo a Sesa, os CAPS realizam ações de promoção e recuperação da saúde. Também são desenvolvidos trabalhos preventivos e de tratamento do alcoolismo e outras doenças e agravos relacionados ao uso, consumo em excesso e problemático de álcool e outras drogas.

Os municípios que não possuem parâmetro populacional para esta modalidade de CAPS contam com equipes de referência em saúde mental, ou mesmo ambulatórios específicos à este público. Elas são responsáveis por acolher e acompanhar os casos junto à Atenção Primária à Saúde e/ou com CAPS, que atende a diversos públicos.

Ainda de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, os serviços como os CAPS, ambulatórios e UBS funcionam de “portas abertas”, ou seja, atendem às demandas espontânea e/ou programadas.

No Centro de Acolhimento e Atenção Integral sobre Drogas, que funciona no Centro de Vitória, são oferecidos vários serviços por meio de uma equipe formada por médicos, conselheiros terapêuticos, psicólogos, nutricionista e assistentes sociais. O trabalho busca reduzir as inúmeras vulnerabilidades associadas ao uso abusivo de álcool e outras drogas.

Onde fica?

Centro de Acolhimento e Atenção Integral sobre Drogas
Endereço: rua Treze de Maio, 47, Centro, Vitória - ES
Funcionamento: 8h às 16h, de segunda a sexta-feira, com atendimento exclusivo mediante a marcação pelo 0800 0281028.

Fonte: Folha Vitória


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