Criminosos cobravam R$ 132 mil por viagem ilegal para os EUA


A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta-feira (04), uma operação para prender suspeitos de envolvimento em uma associação criminosa que promovia a migração ilegal.

Segundo as investigações, os chamados criminosos cobravam US$ 25 mil para atravessar ilegalmente as pessoas para os Estados Unidos. O valor corresponde a mais de R$ 132,3 mil, pela cotação que o dólar fechou nesta quinta-feira (03).

O superintendente da PF no Espírito Santo, delegado Eugênio Ricas, disse que, com o dinheiro, os criminosos contratavam pessoas para fazer a imigração ilegal e falsificavam os passaportes.

"Com esse dinheiro, o grupo criminoso emitia passaportes, muitas vezes ideologicamente falsos, e contratava os chamados 'coyotes´' para fazer a travessia ilegal. A ousadia dos criminosos era tamanha que os contratos firmados tinham o timbre da Polícia Federal", frisou.

Mandados de busca e apressão foram cumpridos em Barra de São Francisco

A Operação Cristo Rey cumpriu dois mandados de busca e apreensão em Barra de São Francisco, no Noroeste do Espírito Santo, e outro na cidade de Central de Minas, em Minas Gerais.

O principal investigado na operação teve que entregar o passaporte aos policiais e pagar uma fiança no valor de 50 salários mínimos. O montante deverá ser recolhido por depósito judicial no prazo de 48 horas. Caso a determinação seja descumprida, será expedido mandado de prisão para o rapaz.

Além disso, a ação também teve como objetivo recolher novos elementos de prova para a conclusão das investigações.

Em 2021, a Polícia Federal recebeu informações de que uma agência de viagens de Barra de São Francisco estaria atuando como intermediária entre pessoas interessadas em emigrar para os Estados Unidos e “coyotes” que atravessariam ilegalmente essas pessoas na fronteira do México.

Segundo a polícia, os contratos firmados entre a agência de turismo e os interessados tinham os símbolos da Polícia Federal.

No decorrer da investigação preliminar, houve uma intensa cooperação dos policiais capixabas com o Oficialato de Ligação da Polícia Federal em El Paso, no Texas, com a unidade de inteligência da US Border Patrol, além da Adidância da Polícia Federal em Washington.

Foram realizadas várias diligências, incluindo a coleta de inúmeros dados de interesse para a investigação, tais como valores cobrados, pessoas envolvidas no exterior, locais de embarque e permanência dos migrantes e estratégias para a entrada ilegal no país norte-americano.

Chamou a atenção dos investigadores a existência de advogados americanos contratados para atuarem nos processos dos migrantes eventualmente detidos e das possibilidades de manipulação das regras migratórias americanas no intuito de entrar naquele país.

ES é o terceiro Estado em número de migrantes ilegais

O número de brasileiros tentando ingressar ilegalmente nos Estados Unidos disparou em 2021. Estima-se que 150 brasileiros foram detidos diariamente pelas agências policiais americanas no ano passado, chegando a quase cinco mil por mês.

Não há dados que indiquem quantos brasileiros conseguiram realizar a travessia organizada por grupos criminosos conhecidos por “coyotes”.

No ano fiscal norte-americano de 2018, foram documentadas 1.589 apreensões de brasileiros que ingressaram ilegalmente no país. No ano fiscal de 2019, esse número saltou para 17.890 apreensões.

Em relação ao ano fiscal de 2020, em razão da pandemia da covid-19, o número de apreensões de brasileiros diminui, totalizando 7.014 casos.

Com a flexibilização das restrições, no ano fiscal de 2021, foi registrado o recorde de apreensões de brasileiros. Em setembro, foram contabilizados 78.842 casos.

Os capixabas compõem o terceiro maior grupo nesse universo de detidos, atrás somente de Minas Gerais e Rondônia. A Polícia Federal alerta que, apesar da mudança no governo americano com a eleição do presidente Joe Biden, as regras migratórias americanas não foram flexibilizadas. A travessia ilegal pela fronteira mexicana, além de cara, é perigosa e traz riscos inúmeros às pessoas.

Além disso, as organizações criminosas dedicadas a esta atividade não têm nada a perder. Há inúmeros relatos de agressão, estupros, furtos e até mesmo abandono dessas pessoas no deserto americano pelos “coyotes".

No começo de setembro de 2021, o corpo de uma brasileira de 49 anos foi encontrado durante uma patrulha de agentes norte-americanos em uma área desértica no Novo México, nos Estados Unidos.

Fonte: Folha Vitória


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