Segundo a escola de samba, Severo lutava contra um câncer. Ele é um dos autores do enredo da Ilha para o carnaval deste ano, 'O vendedor de orações'.
Severo Luzardo, carnavalesco da União da Ilha do Governador, morreu na manhã deste sábado (12), no Rio. — Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1
Morreu na manhã deste sábado (12), no Rio, o carnavalesco Severo Luzardo, de 59 anos, da União da Ilha do Governador. Segundo a escola, que disputa a Série Ouro do carnaval carioca, ele lutava contra um câncer.
Severo assinou os enredos "Nzara NDembu" (2017), "Brasil bom de boca” (2018), "A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu"(2019) e estava preparando "O vendedor de orações", para o carnaval deste ano.
O presidente da União da Ilha, Ney Filardi se solidarizou com a família de Severo Luzardo e anunciou o cancelamento do ensaio-show deste sábado, na quadra da escola. A escola faz seu ensaio técnico na Sapucaí no dia 2 de abril.
"Que Nossa Senhora Aparecida, personagem central do enredo de 2022, possa cobrir esse seu filho com seu manto", disse Filardi, em nota oficial.
O presidente Tê, d Império da Tijuca, em nota, também lamentou a morte do carnavalesco. Em 2011 e 2012, Severo Luzardo assinou os enredos “O mundo em carnaval - Um olhar sobre a cultura dos povos", de 2011, e “Utopias - viagens aos confins da imaginação”.
"Em nome de toda a diretoria imperial, deixamos nossos mais sinceros sentimentos à comunidade insulana, e prestamos nossas condolências aos familiares e amigos de Severo Luzardo, que deixa um legado, ocupando um lugar de destaque na galeria de grandes profissionais da história do carnaval", disse em nota o presidente Tê.
O velório do carnavalesco vai ser realizado no domingo (13), das 13h às 15h, na quadra da União da Ilha, na Estrada do Galeão, 322, na , Cacuia. A família ainda não divulgou onde será o sepultamento de Severo Luzardo.
Com carnaval no DNA
Gaúcho de Uruguaiana, Severo também era figurinista. Ele estreou como carnavalesco no Rio, no Grupo Especial, em 2017. Mas tinha o carnaval no DNA. Seu pai foi presidente da escola de samba Os Rouxinóis, de Uruguaiana, e a mãe, carnavalesca da mesma escola. Severo assinou e venceu seu primeiro carnaval, na mesma Os Rouxinóis, em 1978.
Com alegria e entusiamo, Severo Luzardo, resgatou a autoestima do componente da União da Ilha, em sua estreia no Grupo Especial do Rio — Foto: Nayra Halm/ Divulgação União da Ilha do Governador
Com 14 anos, ele se mudou para Porto Alegre, onde cursou arquitetura, publicidade e artes plástica. Na capital gaúcha, assinou figurinos de peças de teatro e pequenos filmes. Nesse período, aceitou o convite da escola de samba Academia de Samba Praiana e renovou sua estética com campeonato e boas colocações no campeonato.
Ligado em moda, optou em seguir a carreira de figurinista no Rio em 2002. Entrou para a TV Globo, onde fez figurinos para novelas e minisséries e novelas, como "Ciranda de pedra", "Cordel encantado", "Flor do Caribe", "O tempo e o vento".
Também foi responsável pelo figurino de novelas em outras emissoras e no cinema, como nos filmes "Mais uma vez amor", "Vendo ou alugo", "O tempo e o vento" e o "O melhor verão de nossas vidas", entre outras produções.
Mas não deixou o carnaval de lado. Em 2004, ele assinou o desfile do Boi da Ilha do Governador. E seguiu como carnavalesco das escolas de samba Vizinha Faladeira, Acadêmicos do Dendê, Unidos da Vila Rica, Arranco do Engenho de Dentro, Império da Tijuca, Acadêmicos do Cubango. Império Serrano, Paraíso do Tuiuti.
Se dividia entre o Rio e Uruguaiana, sempre que possível e convidado para assinar também os carnavais da Os Rouxinóis.
Muito educado, de sorriso largo e atenção aos detalhes, buscava imprimir nas alegorias e nas fantasias que produzia, como a renda de bilro encomendada no Nordeste, usada na lapela do paletó da Velha Guarda, da União da Ilha, no carnaval de 2019. Ou nas estamparias exclusivas inspiradas nos tecidos africanos que no enredo "Nzara NDembu", de 2017.
Fonte: G1