Há pelo menos nove anos, Osório José Lopes Júnior viaja pelo país recolhendo dinheiro de investidores em títulos que, segundo ele, são lastreados pelo Tesouro Nacional
O pastor evangélico goiano Osório José Lopes Júnior, que é deficiente visual, é acusado de aplicar um golpe milionário em fiéis com a venda de títulos que, segundo ele, são lastreados em ouro e apresentados por ele como Letra do Tesouro Mundial.
O pastor afirmava que os títulos já contariam com autorização do governo federal, por meio do ministro da Economia, Paulo Guedes, para serem pagos, uma clara mentira.
Além no nome do ministério, Osório usa também logomarca de entidades financeiras, como Banco Mundial e o Banco do Brasil, em uma plataforma de investimento conduzida pelo grupo, para dar credibilidade ao negócio.
O golpe aplicado pelo pastor já dura pelo menos nove anos. Ele viaja pelo país com a ajuda de outras pessoas para captar novos investidores interessados em receber até 100 vezes o valor aportado assim que os títulos estiverem prontos para serem resgatados.
Os compradores, em sua maioria, são fiéis de igrejas evangélicas, além de parentes e amigos próximos ao pastor. Em apenas um dos grupos criados no Telegram, há cerca de 8 mil “clientes”.
Vítima
A coluna Na Mira, do Metrópoles, conversou com uma das vítimas. Morador de Petrolina (PE), um homem de 38 anos contou que conheceu o negócio oferecido pelo religioso por meio de um amigo. “Ele botou R$ 80 mil acreditando que receberia entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão. Eu investi pouco, cerca de R$ 1 mil. A transferência foi por PIX direto para a conta do pastor”, disse.
Há três anos este investidor tenta receber os valores prometidos. O pastor, de acordo com ele, criou um banco de dados chamado de Banco Efraim hospedado em uma plataforma em que os clientes podem acompanhar as supostas operações financeiras feitas pela equipe do religioso.
Vídeos para acalmar fiéis
O religioso continua postando vídeos em que tenta acalmar os milhares de fiéis que desembolsaram fortunas. Ele diz que “lá atrás fiz coisas erradas porque não tive orientação jurídica”. O pastor afirma que “simplesmente fui um moleque, uma criança com melado na mão passando na cara e na cabeça.
Ele diz ainda ter ficado 110 dias preso em Goianésia, o processo está em tramitação, mas não teve sentença. “Pra provar que nós somos inocentes, eu não tenho dúvidas disso”. Ao final, ele diz que quando tudo for resolvido, “não esqueça que foi Deus quem fez”.
Fonte: Revista Fórum