Oito postos foram fechados em operação contra venda de combustível adulterado na Grande Vitória — Foto: Reprodução/TV Gazeta |
A Operação Naftalina, realizada pela Polícia Federal e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), na manhã desta terça-feira (12), prendeu 15 pessoas e fechou oito postos de combustíveis da Grande Vitória.
O objetivo foi identificar e prender integrantes de uma organização criminosa responsável pela adulteração de combustíveis que são vendidos nesses postos.
Esquema com mais de 2 anos
Com o apoio do Ministério Público e da Receita Federal, a investigação demonstrou que, pelo menos desde o início de 2020, a organização criminosa vem recebendo irregularmente cargas de álcool hidratado e de nafta solvente, oriundos de outros estados, promovendo adulteração de combustíveis e vendendo-os em postos da Grande Vitória.
Grupo comandado por miliciano do RJ
No comando da organização, segundo a PF, foi identificado um miliciano do Rio de Janeiro, já preso, que além de utilizar outras pessoas para ocultar o patrimônio auferido com os crimes e os reais operadores do esquema, ainda investia a maior parte dos lucros em outras atividades criminosas ligadas à milícia. O preso é Denílson Silva Pessanha, o Maninho do Posto, ex-vereador de Duque de Caxias (RJ).
Investigação começou após abordagem de veículos
As primeiras ações relativas à Operação Naftalina ocorreram após uma série de abordagens a veículos tanque realizadas pela Polícia Rodoviária Federal no Espírito Santo, que percebeu irregularidades nas notas fiscais de cargas de nafta solvente e álcool hidratado oriundos de outros estados
Uso de empresas 'fantasmas' e de fachada
Foram notados indicativos de empresas "fantasmas", de fachada e de emissão de notas fiscais falsas por trás das cargas transportadas que dificultava a fiscalização durante o transporte. Após reunirem um conjunto de dados, os fatos foram levados ao conhecimento da Polícia Federal e iniciou-se assim uma investigação que permitiu identificar pessoas e empresas, estruturadas em uma grande organização criminosa, envolvidas na receptação, distribuição e venda de combustíveis adulterados.
Como funcionava o esquema
Em síntese, segundo a PF, a organização adquiria cargas de nafta solvente e álcool hidratado em outros estados e as desviavam para a Grande Vitória. Uma vez no ES, o material era levado até um pátio clandestino em Vila Velha, onde os dois materiais eram misturados e a eles adicionados um corante para dar coloração de gasolina.
Na sequência, as misturas adulteradas eram então distribuídas em pelo menos oito postos de combustíveis da organização criminosa, situados em sua maioria no município de Cariacica para venda ao consumidor final.
Bens comprados com dinheiro de crimes
De acordo com as investigações, os bens empregados nas atividades ilícitas, em especial os caminhões e os postos de combustíveis, estão em nomes de “laranjas” e foram adquiridos por meio de valores provenientes de outros crimes e por meio do próprio desenvolvimento da atividade criminosa atual.
Lucro de mais de R$ 6 milhões
Foi possível concluir que a organização criminosa desviou um montante de 1.375.352 litros de nafta solvente e cerca de 371.200 litros de álcool hidratado, perfazendo o litro da “gasolina adulterada” o montante aproximado de R$ 3,15.
Considerando os valores atualmente praticados no mercado, em que o litro de gasolina é comprado, em média, por R$ 7, estima-se que os criminosos chegavam a lucrar mais de 100% com o esquema investigado, o que permite projetar um lucro com a atividade ilegal de mais de R$ 6.000.000.
Nome da operação
O nome escolhido é uma alusão à mistura fraudulenta de combustível realizada pelos criminosos com a utilização da nafta solvente, uma naftalina.
Fonte: G1