Estudo aponta que 30% das armas usadas em crimes no ES têm origem legal

Arma com numeração raspada apreendida pela polícia. — Foto: Reprodução/TV Gazeta


Um estudo intitulado de "Modelo de Controle de Armas de Fogo no Espírito Santo" e divulgado nesta terça-feira (7) apontou que 30% das armas utilizadas em crimes no estado são legalizadas.

O levantamento foi realizado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), em conjunto com o instituto paulista Sou da Paz e a Secretaria de Estado de Segurança Pública capixaba (Sesp).

Os números mostraram que a cada 100 armas apreendidas pela polícia no estado 15 são fabricadas de forma clandestina, e 30 possuíam origem lícita, ou seja, em algum momento foram adquiridas ou utilizadas por pessoas com as documentações e regulamentação necessária para o porte.

O estudo, que teve início em 2019 e finalizado neste mês de junho, em 2022, também apontou que 73% das armas apreendidas no Espírito Santo foram produzidas no país.

Para a diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, o levantamento serve como norte para operações policiais mais inteligentes e também aprimora a análise criminal.

"Com a inteligência policial e planejamento é possível realizar ações policiais mais certeiras, que é possível identificar quem é o responsável pela aquisição da arma, onde estão guardadas, quais os sistemas de segurança que possuem. E montar uma operação policial que consiga ser mais segura", afirmou.

Apesar do levantamento mostrar que parte das armas apreendidas possuem número de série, Carolina deixa claro que isso não significa que os primeiros donos tenham repassado o armamento à criminalidade.

"O estudo não quer dizer que quem compra essa arma para praticar tiro, de forma legal, vai desviar essa arma. De forma nenhuma. Mas que, sim, o mercado legal é uma das fontes do mercado ilegal. Quando pensamos em tirar armas do crime, a gente precisa observar as fronteiras de onde elas vêm, a circulação dentro do país, se foi de um estado para o outro, quais as origens legais, quais as novas fontes, porque isso aumenta, sim, o impacto no crime", disse a diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo.

De acordo com Carolina, o estudo realizado no Espírito Santo deve ser usado como base para outros levantamentos no Brasil.

Fatores específicos foram levados em consideração para o estado ter sido escolhido para marcar o início da amostragem nacional, como o programa Estado Presente e o registro e custódia atualizada de armas e munições apreendidas pelas polícias Militar e Civil.

Auxílio no combate a homicídios

Durante o começo do estudo, ainda em 2019, o governo do ES implementou como forma complementar à investigação sobre entrada de armas de grosso calibre no estado a Delegacia de Investigação de Comércio Ilícito das Armas, Munições e Explosivos (Desarme).

As apreensões em conjunto com a implementação da Desrme e também a realização do estudo, servem, de acordo com o governo do ES, como fatores responsáveis para a diminuição do número de mortes no estado.

Três armas apreendidas pela Polícia Militar no Espírito Santo — Foto: Reprodução/TV Gazeta

De acordo com a Sesp, o estado registrava média de 58 homicídios a cada 100 mil habitantes em 2019, e em 2021 esse número caiu para 25. O objetivo da secretaria é chegar aos 10 homicídios a cada 100 mil habitantes até 2025.

"São os menores números de homicídios das últimas três decadas, resultado desse trabalho integrado com base em informações e evidências científicas", afirmou o Diretor de Integração e Projetos Especiais do IJSN, Pablo Lira.

Fonte: G1


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