O preço da cerveja vai subir nos bares e restaurantes da Grande Vitória, segundo os empresários do setor no Estado.
A alta nos preços já pode ser vista nas prateleiras dos supermercados e será repassada para o consumidor final a partir de agosto.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou aumento de 9,38% no preço da “loura gelada” em todo o País nos últimos 12 meses até maio.
E o aumento nas mesas pode tornar o consumo impraticável, segundo Sergio Falcetti, dono de um bar em Vila Velha. Ele comenta que já teve de fazer o reajuste de preço duas vezes consecutivas desde o início do ano, e teme ter de repassar mais uma alta de preços no segundo semestre.
“Com a inflação e as altas que vão acumulando estamos no limite do mercado. Repassamos ao cliente o que dá. Se eu colocar o preço de uma cerveja que cobro hoje, de R$ 16 a R$ 20, com toda a certeza não vou conseguir manter o cliente. Chega um ponto que a pessoa deixa de consumir”, explica.
Sergio conta que o setor mal teve tempo de se recuperar das restrições impostas durante o pico da pandemia de covid-19. Para ele o consumo hoje nos bares está próximo do que era antes da pandemia, mas se tiver que continuar repassando os aumentos para o cliente, teme que o movimento caia novamente e isso gere mais recessão e desemprego no setor.
Gildo e Tatiana dizem que cerveja é lazer para o brasileiro, sobretudo após o isolamento: “Injusto pagar tanto” | Foto: Leone Iglesias/AT |
O garçom Gildo Stofer de Souza e sua mulher, Tatiana Barros Barbosa, que é autônoma, reclamam do aumento no valor da bebida.
“É injusto o brasileiro ter que pagar tão caro na cerveja, que é o lazer de muita gente, principalmente depois da recessão da pandemia”, comenta Gildo.
Fabiano José Ongaratto, presidente do Sindicato de Restaurantes, Bares e Similares do Estado (Sindbares-ES) explica que o aumento de preços aconteceu em quase todos os insumos e que isso torna inevitável o repasse no produto final, mas que não são repassados em totalidade aos clientes.
“Praticamente todos os setores vêm absorvendo parte deste aumento devido a dificuldade de repasse integral aos produtos”, destaca o presidente do Sindbares.
Apesar dessa situação, Ongaratto acredita em um aumento do consumo de cerveja por parte dos clientes, e que no pior cenário possível o movimento deve se manter igual ao atual.
Guerra ajuda preços a dispararem
A guerra na Ucrânia fez o preço das garrafas usadas para o envasamento das cervejas disparar.
Na Alemanha a situação para os produtores se complicou tanto que o representante da Associação Nacional de Cervejarias do país foi em rádios e fez posts nas redes sociais pedindo para que as pessoas reciclem as garrafas que têm guardadas em casa.
O problema foi impulsionado pela guerra na Europa. A Ucrânia era um dos principais fornecedores de insumos para a produção das garrafas. Além disso, as Rússia e Bielorússia que também exportavam insumos tiveram suas relações comerciais cortadas com os outros países do bloco.
As garrafas produzidas em outros países, como na República Tcheca ou na França tiveram seus preços inflacionados, chegando a custar cerca de 20 centavos de euro a mais por cada unidade produzida.
Essa alta de valores na produção acaba sendo repassada para o cliente, já que o preço final da bebida aumenta. Outros produtos necessários, como papel e tinta para embalagens e rótulos também sofreram aumento de preços por conta da guerra.
Aqui no Brasil a situação do abastecimento de embalagens para cerveja já é complicada desde o começo da pandemia.
“O abastecimento já vinha com dificuldades devido à queda de produção e desorganização da logística mundial devido a pandemia, principalmente para as grandes marcas. Quando começava a se reorganizar veio a guerra e trouxe mais dificuldades e muito encarecimento”, explica José Carlos Bergamin, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes).
Bergamin ainda comenta que isso gera uma grande preocupação para a produção do próximo verão, que é a época de maior consumo da bebida, e que têm previsão para ter alto volume de vendas.
Fonte: Tribuna Online