Volta de Suárez para o Uruguai é repleta de significados para o país, o Nacional e a Copa do Mundo

Astro chega ao clube disposto a competir porque sabe que, nesta parte do mundo, idolatria não garante imunidade a críticas

A volta de Luis Suárez ao Nacional tem muitos significados. Por enquanto todos simbólicos: vai depender dele e do time transformarem tanta expectativa e comoção em títulos.

Suárez é o maior jogador uruguaio deste século, maior artilheiro da história da seleção (68 gols em 132 jogos), dono de 19 troféus, entre eles a Liga dos Campeões e Copa América.

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Aos 35 anos, poderia descansar o corpo em ligas de menor exigência física ou aproveitar o último gás para jogar em alto nível na Europa. Ao escolher voltar para casa, para o clube onde nasceu para o futebol, Suárez demonstra ainda ter fome.

Luis Suárez acena para torcedores em retorno ao Nacional, do Uruguai — Foto: Getty Images

O astro sabe que, nesta parte do mundo, idolatria não garante blindagem a eventuais críticas de torcida e imprensa. Os títulos podem ou não chegar, mas Suárez sabe que vai precisar competir.

Outro aspecto fascinante da volta de Suárez para o Nacional é a sensação – provavelmente ilusória, mas a esta altura quem se importa? – de que sentimentos ainda têm alguma importância neste jogo.

– Estou aqui por vocês – disse Suárez para um um estádio lotado, depois de ter sido saudado por uma multidão no caminho entre o aeroporto de Montevidéu e o Gran Parque Central. Poderia estar ganhando ainda mais dinheiro numa liga em que não sofreria pressão.

Torcedores posam para fotos em mural em homenagem a Luis Suárez — Foto: Getty Images

Suárez é um herói nacional no Uruguai. Tratado como um criminoso pela Fifa após morder Chiellini na Copa do Mundo de 2014, foi defendido pelo então presidente José Mujica, autor da frase "na Fifa são todos uns filhos da puta".

Ao chegar ao Parque Central ontem, foi recebido por ministros de Estado e por políticos de partidos rivais. Um ex-presidente do Nacional revelou ter recebido mensagens elogiosas de torcedores do Peñarol.

Desde 1988, quando o Nacional ganhou a Libertadores e derrotou o PSV de Romário na final do Mundial de Clubes, o futebol uruguaio de clubes não fatura um título internacional.

Torcedor com máscara de Suárez no estádio Parque Central — Foto: Marcel Lins

Talvez Suárez sozinho não seja suficiente para mudar essa história, mas a sensação que sua contratação gera não pode ser desconsiderada.

Antes de Suárez, enfrentar o Nacional (ou o Peñarol) numa competição sul-americana no máximo gerava uma lembrança sobre a história, a tradição, o número de títulos... e nenhuma preocupação real.

Por último, mas não menos importante, resta acompanhar o impacto dessa decisão na seleção uruguaia. Em novembro Suárez vai disputar sua quarta e última Copa do Mundo.

Num vídeo enviado para o amigo, Lionel Messi disse saber "o quão importante é voltar para casa, se preparar para o Mundial, que está tão perto..." E Loco Abreu vaticinou:

– Até a Copa do Mundo ele vai receber muito carinho aqui, e isso é algo que não se mede, que as estatísticas não captam. Ele vai chegar bem ao Mundial por causa disso.

Fonte: G1 ESPORTE ES


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