Algar Telecom, com sede em Uberlândia (MG), informou ao TSE ter identificado usuários responsáveis por disparos efetuados na noite de sexta-feira e na madrugada de sábado
A mensagem recebida por telefones paranaenses - Foto: Reprodução
Na noite de 23 de setembro, sexta-feira passada, celulares nas regiões Sul e Sudeste do país apitaram por causa de um SMS com teor golpista: "Vai dar Bolsonaro no primeiro turno! Senao, vamos a rua para protestar! Vamos invadir o congresso e o STF! Presidente Bolsonaro conta com todos nos!!", dizia o texto. Ao todo, foram 324.818 disparos, segundo documentos enviados ao TSE pela empresa Algar Telecom, contratada pelo governo do Paraná para enviar alertas de serviços públicos, e apontada como responsável pelas mensagens pró-Bolsonaro.
Neste caso, porém, a empresa, que tem sede em Uberlândia, Minas Gerais, alegou que o textos com teor golpista partiram de dois logins internos com acesso ao seus sistemas. Um deles, segundo a Algar, pertence um analista de telecomunicações contratado pela empresa. O segundo, denominado apenas como "Admin", não foi identificado.
As informações foram prestadas pela própria Algar ao TSE a pedido da defesa da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que no sábado foi à Justiça questionar o envio das mensagens. Em carta encaminhada ao TSE e ao Ministério Público Eleitoral, à qual O GLOBO teve acesso, a Algar Telecom informa que o usuário do funcionário "realizou a troca da senha do usuário Admin", usado pela Celepar, às 23h09 de quarta-feira, 21 de setembro. Cerca de vinte minutos depois, o login identificado apenas como Admin criou uma conta na plataforma da empresa sob o título: "presidente_Bolsonaro_mais_uma_vaz".
Dois dias depois, na sexta-feira, 23 de setembro, às 20h25, o primeiro disparo de mensagens foi feito pelo usuário do funcionário da Algar. Em seguida, às 20h37 e às 21h33, outros dois disparos foram realizados por Admin. Às 00h41 do dia 24, sábado, mais um disparo da mensagem ocorreu com o login do funcionário.
As mensagens partiram do número 28523, usado pela Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar), para quem a Algar presta serviços. A estatal chegou a registrar um boletim de ocorrência no sábado informando que o número havia sido utilizado de forma indevida.
Em nota ao GLOBO, a empresa informou que "ainda não é possível determinar o autor dos disparos e sim, a conta utilizada para os disparos indevidos". "A companhia reforça que houve um acesso indevido e não autorizado à plataforma e que, desde a confirmação do ocorrido, registrou o fato perante as Autoridades competentes", diz a Algar.
No sábado, a defesa de Lula foi ao TSE para pedir a investigação do episódio e esclarecimentos às empresas responsáveis pelos disparos. A coligação do ex-presidente questionou na Corte o presidente Jair Bolsonaro e o candidato a vice de sua chapa, general Braga Netto, além do presidente da Celepar, Leandro Victorino, e da Algar Telecom, Jean Borges, após uma reportagem do site The Intercept Brasil revelar que cidadãos paranaenses haviam recebido a mensagem. O TSE enviou o caso ao Ministério Público Eleitoral.
Disparos cessados
Nesta segunda-feira, o TSE negou a medida liminar pedida pela defesa de Lula para cessar as mensagens, uma vez que os disparos já haviam parado no sábado. Numa carta encaminhada ao tribunal e ao Ministério Público, Leandro Victorino, presidente da Celepar, informou que a empresa, "em atitude preventiva, desativou todas as funcionalidades de disparo de SMS de suas aplicações".
Às autoridades, a Algar anunciou ainda ter inativado os usuários responsáveis pelo disparo e afirmou que uma mensagem de retificação foi enviada aos números que receberam o texto golpista. "Prezado usuário(a), favor desconsiderar mensagem de conteúdo eleitoral encaminhada nos dias 23 e 24/09/2022 do número 28523", dizia o SMS.
Fonte: O Globo