Cardume de tubarões considerados extintos ataca barco de pesca de atum próximo a Fernando de Noronha Foto: Reprodução / Marinha |
Os tubarões de Galápagos, que foram considerados extintos no Brasil, reapareceram recentemente próximo ao arquipélago de Fernando de Noronha. A Marinha do Brasil divulgou um vídeo no qual é possível ver diversos animais da espécie ao redor de uma embarcação, muito próximos da superfície, enquanto pescadores trabalhavam na região. A aproximação da espécie pode inviabilizar a pesca de atum, um dos peixes mais buscados no local.
Coordenador Geral do Programa Arquipélago de São Pedro e São Paulo (Proarquipelago), o capitão da Marinha Marco Antonio Carvalho de Souza confirmou que os tubarões têm se concentrado muito próximo às embarcações. A Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM) encomendou uma pesquisa à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), referência em estudos na área, para levantar a população total da espécie.
— Precisamos de informações para subsidiar o processo de decisão sobre as medidas de ordenamento a serem implementadas durante as atividades de mergulho desenvolvidas em apoio a estudos científicos e, também, para garantir a segurança dos pescadores. A previsão é de que tenhamos os primeiros resultados parciais no segundo semestre de 2023. Até lá, por medida de segurança, as atividades de mergulho ficarão suspensas — disse o capitão.
O tubarão de galápagos, espécie que pode chegar até três metros, também tem sido vista próximo ao arquipélago de Fernando do Noronha, a 370 km de São Pedro e São Paulo.
Segundo a Marinha, para iniciar a pesquisa de campo, serão investidos cerca de R$ 100 mil, disponibilizados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em fase na qual “serão implantadas marcações que permitem a identificação e acompanhamento de alguns indivíduos, além da captação contínua de imagens por câmeras subaquáticas”.
— A pesquisa vai nos responder como é a estrutura populacional das espécies de tubarão, estimando o tamanho (comprimento), a quantidade de machos e fêmeas, se são juvenis ou adultos e como estão associados ao ASPSP — explicou à Marinha a professora Danielle Viana, da UFRPE.
A pesquisa incluirá, também, o monitoramento de tubarões pela ferramenta Baited Remote Underwater Vídeo (BRUV, aparelho de filmagem subaquático), que permite o estudo do comportamento dos animais, e a implantação de chips nos animais.
— Alguns serão capturados com espinhel, sempre com anzóis circulares, pois, desta forma, diminuímos muito a possibilidade de óbito dos tubarões no momento da sua captura. Uma vez capturados, os tubarões serão embarcados e, no menor tempo possível, serão marcados, utilizando marcas internas e externas — confirmou o pesquisador Paulo Oliveira.
Fonte: Extra