Jovem apreendido confessou os crimes em Aracruz (ES) - Imagem: PCES/divulgação |
A advogada que representa a família do adolescente de 16 anos apontado como o autor dos ataques em duas escolas em Aracruz (ES) disse hoje que os pais do jovem deixaram a cidade por medo de sofrer alguma retaliação.
Priscila Benichio Barreiros negou que eles tenham sido ameaços e disse que a decisão foi para preservar a integridade deles.
"Eles tiveram que deixar a cidade no mesmo dia do fato. Tinha um clamor muito grande, palavras de ódio e não seria prudente eles ficarem na região. O casal está muito abalado, perplexo com toda essa situação. Eles, a todo o momento, se questionam onde erraram na criação do filho", disse Priscila ao UOL.
Até o momento, a família do rapaz não teve contato com parentes das vítimas nem sobrevivente. Há interesse por parte deles, mas isso deve acontecer futuramente, segundo a advogada.
O pai do atirador é tenente da PM do Espírito Santo. A mãe já havia sido professora na escola estadual Primo Bitti, palco do primeiro ataque.
Família diz querer transparência. Ela declarou que os pais têm dimensão da gravidade e complexidade do caso. Quatro pessoas morrem na ação e outras 12 ficaram feridas, sendo que sete continuam hospitalizadas.
A defesa ainda deixou claro que o principal motivo da contratação do escritório seria para acompanhar todo o processo do filho. "Em nenhum momento foi ao contrário, eles querem que tudo seja feito de forma transparente, dentro da lei", disse a advogada.
Defesa nega ida a clube de tiro. Questionada sobre qual seria motivação do atentado, como o adolescente teve acesso as armas e se ele já teria curso de tiro, Priscila disse que as informações foram repassadas ao delegado do caso.
"Não posso fornecer essas informações porque o processo segue em segredo de justiça. Sobre a questão de curso de tiro, isso não procede", afirmou sobre a informação de que o jovem iria a um clube de tiros com o pai.
O adolescente era um ex-aluno escola estadual Primo Bitti, que havia abandonado os estudos há seis meses a pedido dos pais. A motivação ainda não foi esclarecida pela família ou pela polícia.
O adolescente suspeito do crime continua apreendido no Iases (Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo) e deve ser ouvido nos próximos dias pela Polícia Civil e pelo Ministério Público.
Os pais também deverão ser intimados na próxima semana a irem na 13ª Delegacia Regional Norte.
Polícia vai investigar acesso a armas. A Polícia Civil do Espírito Santo irá investigar se o atirador tinha facilidade de acesso às armas do pai.
"Vamos investigar não só se o pai foi quem ensinou [o suspeito] a dirigir como também se foi o pai quem o instruiu a utilizar a arma. Se ficar provado, certamente responderá também. Obviamente que é difícil fazer isso sem o conhecimento de alguém. Vamos investigar", disse José Darcy Arruda, delegado-chefe da Polícia Civil do estado.
Atirador escondeu evidências. Segundo informações da PM, o adolescente usou as duas armas e o carro do pai no atentado. Após cometer o crime, estacionou o carro na garagem, recarregou as armas e as guardou no mesmo local. A fita vermelha usada para formar a imagem de uma suástica no braço direito foi retirada da roupa camuflada usada no crime e guardada em uma gaveta.
Polícia vai apurar se há ligação de atirador com neonazistas. O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), disse hoje que a polícia irá investigar se o atirador tem ligação com grupos neonazistas.
"Vamos fazer a investigação para ver se ele tem ligação com algum grupo neonazista. A polícia vai analisar o conteúdo do celular e do computador [apreendidos na casa do atirador] para ver se tem algum vínculo dele com alguém", disse Casagrande ao UOL.
Fonte: Uol