Vegetais do passado: o antes e o depois de 5 alimentos que passaram por melhoramento genético

Frutas e hortaliças evoluíram ao longo dos milênios por meio de seleção natural ou domesticação

Melancias suculentas, milho doce, berinjela roxa. Frutas e hortaliças que estamos acostumados a ver nas nossas mesas nem sempre tiveram essas características. A forma como consumimos muitos dos vegetais nos dias de hoje é resultado de um longo e milenar processo de melhoramento genético – feito muitas vezes de forma natural, outras por ação humana. Conheça a seguir como eram no passado 5 vegetais e como eles se transformaram no que são hoje:

Laranja

A laranja como conhecemos hoje tem origem na Ásia e seus primeiros registros datam de 314 antes de Cristo — Foto: Globo Rural

A fruta (laranja-doce, da espécie Citrus sinensis) é, na verdade, um híbrido entre o pomelo (Citrus maxima) e a tangerina (Citrus reticulata). Esse cruzamento tem origem na Ásia, em uma macrorregião que abrange o sul da China e o nordeste da Índia. E não é um produto recente da agronomia: seus primeiros registros aparecem na literatura chinesa por volta do ano 314 a.C. Desde então, a fruta se difundiu pelo mundo e, hoje, é um dos principais produtos da agricultura brasileira.

Melancia

Natureza morta, do italiano Giovanni Stanchi, oferece uma noção de como eram as melancias no século 17 — Foto: Wikimedia Commons

O quadro pintado pelo italiano Giovanni Stanchi pode ser um bom indicativo de como a melancia era uma fruta diferente da que vemos hoje. A obra retrata uma fruta grande e de casca verde, mas com uma polpa dividida em seções pelas fibras brancas. As melancias vermelhas, doces e suculentas que temos hoje são resultado da intervenção humana. Segundo o professor de química James Kennedy, da Universidade de Monash, na Austrália, a melancia de 3.000 a.C media apenas 5 centímetros de diâmetro, era dura como uma castanha e tinha um gosto extremamente amargo.

Milho

Evolução do milho a partir do teosinto (topo) até a espécie que consumimos nos dias de hoje — Foto: Wikimedia Commons

O milho é um dos exemplos mais famosos da seleção feita pelo homem. O grão é resultado da domesticação do teosinto, natural da América Central. Há 9 mil anos, a planta dava origem a uma pequena espiga composta por cinco a dez grãos envoltos por uma casca dura, explica também o professor Kennedy, da Universidade de Monash, na Austrália.

De lá para cá, o melhoramento genético fez com que as espigas se tornassem mil vezes maiores, mais doces e mais fáceis de descascar. Por isso, a partir da colonização espanhola nas Américas, ganhou o mundo e se desdobrou em variedades para as mais diversas finalidades – milho-doce, milho de pipoca e o milho-roxo, usado no Peru para produzir uma bebida típica.

Berinjela

Variedades de berinjela, incluindo a branca e ovalada, descritas em uma enciclopédia japonesa do século 19 — Foto: Wikimedia Commons

Em inglês, berinjela é chamada de “eggplant”, que significa “planta-ovo”. Isso ocorre porque uma de suas variedades selvagens é branca e ovalada, do tamanho de um ovo de pata. Não se sabe com certeza se a planta é originária da Índia, África ou sul da Ásia, mas o primeiro registro escrito data de um tratado agrícola chinês de 544 d.C. O vegetal passou por anos de melhoramento genético até chegar ao formato atual mais comum, oblongo e de casca roxa.

Cenoura

Embora a cenoura laranja seja a mais comum, as roxas são mais antigas e ainda podem ser encontradas atualmente — Foto: Envato Elements/Kapusnak

A cenoura ancestral tem origem na região da Pérsia, onde hoje ficam o Irã e o Afeganistão. Primeiramente, a planta era cultivada por suas folhas e sementes aromáticas – a raiz não era interessante por ser amarga. Somente a partir do século 1 d.C que textos descreviam que a raiz poderia ser consumida, desde que cozida. Originalmente, tinha variedades nas cores roxa, vermelha, branca e amarela. A cor laranja que conhecemos e consumimos é atribuída a agricultores dos Países Baixos do século 17 para homenagear a casa Orange-Nassau – além de ser maior e mais doce.

Fonte: Globo Rural

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