Jornalista brasileira denuncia assédio no Catar: 'Perguntaram se eu era atriz pornô'

Isabelle Costa foi às redes desabafar sobre situação vivida no Catar Reprodução

Em uma Copa do Mundo disputada em um país em que os direitos das mulheres não são iguais aos dos homens, a jornalista brasileira Isabelle Costa divulgou um vídeo em suas redes sociais nesta sexta-feira desabafando sobre uma situação vivida por ela no Catar. Relatando ser alvo constante de assédio de homens, ela disse já estar cansada das situações constrangedoras.

— Já não é a primeira, nem a segunda vez que sou abordada aqui por homens. Seguida, filmada, enfim. Mas dessa vez passou dos limites. Estava chegando no metrô, na estação do Estádio Lusail, que vai ser o estádio do jogo do Brasil de mais tarde e eu estou percebendo a movimentação de dois homens, me seguindo, me gravando, e, para completar o absurdo, me pararam e perguntaram se eu era uma atriz pornô — disse Isabelle, em vídeo publicado em suas contas do Instagram e do Twitter.

— Total constrangimento, rindo da minha cara. Estou cansada disso, já não é a primeira vez — desabafou.

Em uma outra publicação, ela mostra que, quando filmados, os homens que a importunaram fugiram, correndo dentro da estação.

Isabelle Costa mostrou homens fugindo correndo — Foto: Reprodução/Instagram

Ela não foi a primeira jornalista a denunciar alguma situação constrangedora no país. A restrição à bandeira LGBTQIA+ — já que no país a homossexualidade é criminalizada — fez com que seguranças abordassem o jornalista Victor Pereira, que estava com a bandeira do estado de Pernambuco, que tem um arco íris estampado, após a partida entre Argentina e Arábia Saudita, na primeira rodada.

Direitos das mulheres

Regido por uma monarquia absolutista, o poder do país é do emir, principal líder, sendo passado através de dinastias, e sem precisar respeitar os limites constitucionais. Limites estes que são estabelecidos pela dinastia da Casa Thani, que comanda o emirado desde 1825, e obedece as leis da sharia, a lei religiosa islâmica que dita os princípios econômicos, socioculturais e até de política externa.

Desde o anúncio que a Copa deste ano seria realizada no Catar, muitas polêmicas têm sido levantadas, em especial sobre os direitos humanos: a exploração do trabalho dos imigrantes na construção das obras de infraestrutura e de estádios no país, a posição das mulheres — inferior a dos homens — e o fato de a homossexualidade ser considerada um pecado passível de pena de morte

O islamismo permite que o homem se case com até quatro mulheres, mas estabelece condições para esses matrimônios. Uma delas, e a mais rígida, é a de que o homem deve ter condições de tratar todas as esposas com igualdade.

No Catar, apenas os homens têm direito de ter mais de uma cônjuge. Sob a sharia, o país tem regras e leis restritivas em relação às mulheres. Lá, as cataris só podem se casar com autorização de um homem da família.

Fonte: O Globo


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