Ufes suspende aulas e estudantes protestam contra bloqueio de verbas

Foto: Leitor Whatsapp Folha Vitória

Estudantes fizeram um protesto em frente a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) no campus em Goiabeiras, em Vitória, na manhã desta quinta-feira (8), contra os cortes de verbas do governo federal às universidades públicas.

Por causa das manifestações, a Ufes informou que as atividades acadêmicas e administrativas aos campi de Goiabeiras e Maruipe em Vitória foram suspensas nesta quinta.

De acordo uma nota divulgada pela instituição nesta terça-feira (6), as contas da universidade estão com saldo negativo devido ao corte mais recente de R$ 6 milhões de recursos que seriam repassados pelo Ministério da Educação (MEC).

Ao todo, a universidade tem 4.423 estudantes cadastrados no Programa de Assistência Estudantil da Ufes (Proaes-Ufes), que já estão sofrendo com a falta de pagamento. O pagamento é previsto para ocorrer sempre no quinto dia útil do mês.

Alunos fazem manifestação em frente a Ufes por conta de cortes na verba da educação — Foto: Reprodução/TV Gazeta

A Presidente do Diretório Central dos Estudantes da Ufes, Maria Isabel Fonseca, que está participando da manifestação, contou que muitos estudantes já estão com dificuldade em pagar a alimentação e o aluguel por não terem recebido a bolsa.

"Na Ufes são mais de 4 mil estudantes sendo afetados que recebem auxílio e os estudantes de mestrado, doutorado, galera da iniciação científica. Como a gente estuda sem dinheiro pra poder pagar o aluguel, pra poder garantir a nossa alimentação, a passagem? Como é que a gente vem pra universidade? E a gente faz um papel fundamental aqui na Ufes que é produzir ciência , que é devolver pra sociedade o que é empenhado aqui na educação. E foram anos tão difíceis pra educação, com tantos cortes. O que a gente quer é saber: cadê o dinheiro das nossas bolsas, cadê o nosso auxilio pra poder vir, estudar e produzir ciência dentro da universidade?", disse a Presidente.

Vários estudantes disseram que já estão sendo afetados. É o caso do acadêmico de terapia ocupacional Gabriel Serafim, de 23 anos, recebe o auxílio moradia da universidade no valor de R$ 347.

Segundo o jovem, que mora em uma república para diminuir as despesas individuais, a ausência desse dinheiro na renda mensal pode comprometer a permanência dele na instituição.

"Mesmo com o auxílio, às vezes, eu não tenho R$ 1 para comer. Eu estudo no campus de Maruípe, e vou até o de Goiabeiras a pé para jantar. Muitas vezes, eu tenho que esperar até o almoço do dia seguinte no RU para me alimentar de novo. Sem auxílio, tudo piora", disse.

A vice-presidente da Associação dos Docentes da Ufes, Jacyara Silva de Paiva, explicou como os cortes tem atrapalhado o funcionamento na universidade.

"Esse novo bloqueio que esse ano já é o segundo, impacta não só na permanência do estudante mas impacta também no pagamento de contas como água, luz, internet, limpeza, terceirizados. A universidade na verdade, a gente vem experimentando cortes há muitos anos. Eles vem estrangulando o orçamento. Esse corte torna praticamente inviável o funcionamento da universidade", contou Jacyara.

"Se tem mais de 4 mil estudantes que não recebem o dinheiro pra poder pagar o aluguel e pagar a passagem, como que a gente mantêm as aulas? Tem estudante aqui que vai passar fome e sem lugar pra dormir porque o nosso auxílio não caiu. Essa manifestação é pra poder chamar a atenção e dizer que os estudantes e pesquisadores da universidade estão pedindo socorro pro restante da comunidade", relatou a estudante Maria Isabel.

Ufes

Em nota, a Ufes informou que a Administração Central ainda aguardava o repasse de recursos por parte do Ministério da Educação para o pagamento de bolsas.

O reitor Paulo Vargas disse que, atualmente, a Universidade tem diversas despesas já empenhadas, mas sem financeiro para fazer os pagamentos.

Fonte: G1


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