Avicultores de Santa Maria de Jetibá, ES, maior produtor de ovos do Brasil, estão se virando em meio a crise no setor


Produção na cidade da Região Serrana do Espírito Santo caiu de 5,23 bilhões em 2021 para 4,35 bilhões em 2022, uma redução de 17%.

A crise no setor de avicultura, provocada pelo aumento no valor dos insumos e a gripe aviária, que já tem focos em 40 países, está deixando avicultores de Santa Maria de Jetibá no prejuízo. Localizado na Região Serrana do Espírito Santo, o município concentra a maior produção de ovos de galinha do país.

Produção de ovos em Santa Maria de Jetibá, maior produtor de ovos do Brasil — Foto: Reprodução/TV Gazeta

De acordo com dados da Associação dos Avicultores do Espírito Santo (Aves), em 2021 o Espírito Santo teve 5,23 bilhões de ovos e a produção caiu para 4,35 bilhões em 2022, uma redução de 17%.

Sobre a alta dos insumos, Nélio Hand, diretor executivo da Aves, disse que pelo menos 40 avicultores desistiram da atividade em meio à crise mundial no setor.

"O que estamos vivenciando é um contexto de alguns anos, principalmente com os insumos que é o milho e a soja. Uma saca de milho que em 2020 custava R$ 59 neste mês de janeiro custava R$ 94 chegando a picos de R$ 115, R$ 120. Para o produtor não foi possível fazer esse acompanhamento no custo para o preço do produto final", disse.

Quem continua trabalhando tem se virado como pode para manter o negócio.

Produção de ovos em Santa Maria de Jetibá, ES — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Avicultor há 32 anos, Manfredo Kruger, tem uma granja em Rio Bonito, zona rural de Santa Maria de Jetibá e contou que até o final de 2021 eram cerca de 300 mil galinhas que botavam até 240 mil ovos por dia e atualmente são 250 mil aves e uma produção diária de 200 mil ovos.

"Todos os itens para você produzir o ovo são caríssimos. Os micronutrientes são importados e todas as áreas foram inflacionadas fortemente e o preço do ovo não acompanhou a mesma proporção", disse Manfredo Kruger.

"Foi necessário diminuir e ajustar o preço do ovo pra poder continuar a sobrevida. O produtor estava pagando para produzir e continua nessa grande dificuldade", contou o avicultor.

A alta no preços dos grãos que compõem a ração para as aves também afetou a granja de Weverton Espíndula, que tem propriedade no Distrito de Garrafão, mesmo município. O número de galinhas do avicultor passou de 180 para 120 mil e a produção de ovos caiu de 145 mil para 95 mil por dia, o que acabou elevando o preço do produto.

"O preço teve que ser repassado. Não teve mais como sustentarmos os preços baixos e tivemos que reduzir a produção e o atendimento de clientes foi prejudicado. Com essa redução, deixamos de atender várias demandas, inclusive, já firmadas anteriormente", disse o avicultor.

Gripe aviária

A queda na produção de ovos de granja é um problema no mundo todo e em outros países também tem sido agravada pela gripe aviária.

"É um cenário totalmente diferente do que nós estamos vivenciado no Brasil, que ainda está protegido em relação à influenza viária. Felizmente o Brasil está protegido. Claro, que nos últimos meses estamos em alerta máximo porque ela está chegando próximo. Em outubro, novembro, tivemos notícias da enfermidade estar chegando à América do Sul. Estamos trabalhando de forma conjunta, setor privado e nacional junto com as autoridades, para que essa enfermidade não entre no Brasil", disse Nélio Hand.

Produtores adotam medidas sanitárias para evitar gripe aviária

No Espírito Santo, os avicultores estão tentando se proteger como podem da gripe aviária. A proibição de visitas em granjas e unidades de beneficiamento estão entre as medidas sanitárias adotadas para impedir que as aves fiquem doentes.


Outras medidas sanitárias que estão sendo adotadas são:
  • Reforçar a presença de cercas, telas e baterias
  • Sempre lavar as mãos e trocar roupas e sapatos antes de acessar as granjas
  • Em caso de viagem ao exterior, ao voltar, lavar todas as roupas e sapatos
  • Evitar o contato dos animais das granjas com outras aves, principalmente as silvestres
Denilson Potratz, presidente da Nater Coop, cooperativa composta por 60 avicultores de pequeno porte, e que mantém uma espécie de condomínio agrícola em Santa Maria de Jetibá, disse que na região todos também estão se prevenindo da gripe aviária.

"Temos tomado medidas muito rígidas porque, uma vez que ela [ a gripe aviária] se instalar, vai causar um prejuízo muito grande. A gente precisa unir forças neste momento e se acontecer a gente não ser surpreendido com prejuízos enormes", disse o presidente da cooperativa de avicultores.

Fonte: G1 ES


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