Na atual safra, expectativa é de colheita de 60 toneladas de frutas e produção de 7 mil litros de azeite Marcelo Tercetti |
Em ano de safra cheia, quando as plantas têm carga plena, a Fazenda Rainha, localizada na divisa de São Paulo e Minas Gerais, nos municípios de São Sebastião da Grama e Poços de Caldas, produziu no ano passado 196 toneladas de azeitonas, que processadas na propriedade renderam 21,5 mil litros dos azeites especiais da marca Orfeu.
A Fazenda Rainha, um referência na produção de cafés especiais, começou a investir na olivicultura em 2009, quando importou mudas do Chile, que frustraram as expectativas e estão sendo erradicadas.
As estrelas são as novas variedades que começaram a ser plantadas em 2014, a partir de mudas produzidas pela Agromilora, empresa localizada em Brotas (SP). Hoje, a fazenda tem 28 mil plantas em 80 hectares, com as variedades Arbosana, Koroneiki, Arbequina, Coratina e Picual.
Como cada variedade é plantada em linha e tem tempo de maturação diferente, a colheita é feita de forma seletiva por tipo de azeitona, e o processamento feito até duas horas depois no lagar (oficina de produção de azeites) localizado no meio do olival, o que permite manter a pureza e o frescor dos frutos.
Foi por meio deste processo que no ano passado os azeites especiais Orfeu alcançaram notas entre 87 e 96 pontos e conquistaram 19 prêmios internacionais.
O azeite Picual, que recebeu 96 pontos na análise sensorial, conquistou a medalha de ouro no EVO IOOC 2022, concurso realizado na Itália para premiar os melhores azeites do mundo.
Terroir propício
A Fazenda Rainha, que possui terras vulcânicas e fica a 1.300 metros de altitude, tem um terroir propício ao cultivo de cafés e oliveiras especiais.
O agrônomo Alexandre Magno Marchetti conta que uma das preocupações diz respeito às mudanças climáticas, que interferem na produtividade dos olivais, pois no inverno precisam de 200 horas de frio a 8 ºC.
A exemplo do cafezais, os olivais também são plantas que tem bienalidade de produção, alternando entre ano de safra cheia e outro com menos carga.
Arbosana, Koroneiki, Arbequina, Coratina e Picual estão entre as variedades que dão origem à produção da empresa — Foto: Marcelo Tercetti |
Neste ano, que é de bienalidade negativa, os olivais devem produzir 70% menos que o recorde registrado no ano passado. A expectativa é de colheita de 60 toneladas de frutas e produção de 7 mil litros de azeite.
Alexandre Marchetti explica que a meta na fazenda é ter uma produção com menor variação bienal, o que será possível por meio do manejo do pomar com podas e esqueletamento das plantas.
Ele conta que o cultivo de oliveiras, que vem crescendo na região, é um bom investimento. O custo de implantação é de R$ 25 mil por hectare, diluídos em três anos, quando as plantas entram em produção. A partir do quinto ano, o faturamento anual pode chegar a R$ 240 mil por hectare, diz o agrônomo.
Fonte: Globo Rural