Quem bebe café vive mais

Pesquisadores descobriram que beber de duas a três xícaras de café por dia, seja instantâneo, moído ou descafeinado, reduz o risco de doença cardiovascular e morte

— Foto: Epoca Negocios

Quando estou no trabalho, o ato de levantar para pegar uma xícara de café é um jeito de desanuviar a mente, alongar as pernas, encontrar outras pessoas. Faço isso várias vezes ao dia, até mais do que devia. Se tomado sem açúcar, ele tem zero calorias, o que elimina a eventual culpa. Pois agora, uma notícia vinda da Austrália me deu mais um motivo para fazer a caminhada recorrente até a nossa cozinha corporativa: pesquisadores do Baker Heart and Diabetes Research Institute em Melbourne descobriram que beber de duas a três xícaras de café por dia, seja instantâneo, moído ou descafeinado, reduz o risco de doença cardiovascular e morte.

O assunto é polêmico, por isso vale explicar como o estudo foi feito: entre 2006 e 2010, os pesquisadores acompanharam 449.563 pessoas entre 40 e 69 anos que não tinham diagnóstico de problemas cardiovasculares naquele momento. Um pouco mais da metade eram mulheres. Do total, 22,4% declararam que não bebiam café e, por isso, viraram o grupo de controle. O estado de saúde dos selecionados foi acompanhado por 12,5 anos e o resultado saiu em novembro no European Journal of Preventive Cardiology. Conclusão: beber café (de todos os tipos) foi consistentemente associado à maior redução de risco de doença cardiovascular, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca congestiva (inclui hipertensão arterial, infarto do miocárdio, cardiomiopatias e fibrose pulmonar) “e morte por qualquer causa”.

Reforço a última frase: “e morte por qualquer causa”. Ou seja, quem bebe café tem mais chances de viver mais. O que isso significa no mundo real? Segundo disse à publicação Medical News Today o professor Peter Kistler, autor do estudo e diretor do Baker, “o café deve ser considerado parte de uma dieta saudável. As pessoas não devem parar de beber café se desenvolverem qualquer forma de doença cardíaca, a menos que percebam uma associação pessoal específica entre o consumo de café e seus sintomas”. Por outro lado, ele não recomenda que você comece a beber café só porque foi diagnosticado com uma doença cardíaca, mas “se você já bebe café, deve se sentir seguro” de que a bebida não vai piorar o seu estado de saúde. Historicamente, vale lembrar, a maioria dos médicos tem nos aconselhado a evitar ou reduzir o consumo de café.

Outros estudos epidemiológicos sobre café, realizados ao longo das últimas décadas, fizeram outra descoberta curiosa: a doença de Parkinson é menos comum em pessoas que bebem café. Apesar de insistentemente buscarem as causas, os cientistas não encontraram uma explicação para esse fato. O Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa depois do Alzheimer e sua prevalência aumenta de 1% aos 60 anos para 4% aos 80. Assim como os especialistas australianos, a Centers for Disease Control and Prevention (CDC), agência de saúde do governo americano, não sugere que você saia bebendo café a torto e a direito achando que vai se prevenir contra o Parkinson. Como sempre, bom senso é o melhor remédio.

Fonte: Negócios

Postagem Anterior Próxima Postagem