8 de MARÇO | Mulheres são homenageadas na Assembleia Legislativa do ES


A luta por equidade permeou os discursos do evento, que homenageou servidoras do quadro de pessoal, prestadoras de serviços gerais na Ales, representantes do Judiciário e das forças de segurança

Homenagem ao Dia Internacional da Mulher foi realizada pela manhã / Foto: Lucas S. Costa

Equidade. Essa foi a palavra mais usada pelas mulheres homenageadas pela Assembleia Legislativa (Ales) na manhã desta quarta-feira (8). Deputadas, servidoras e representantes do Poder Judiciário compuseram a mesa a convite do presidente da Ales, deputado Marcelo Santos (Podemos), que logo após o seu pronunciamento passou o comando da sessão para a deputada Janete de Sá (PSB). A homenagem ao Dia Internacional da Mulher aconteceu no Plenário Dirceu Cardoso, após interrupção da sessão ordinária, que foi retomada depois.

“Essa luta pela igualdade e pelo reconhecimento dos direitos das mulheres tem sido longa e muitas vezes difícil, mas graças à perseverança de muitas mulheres corajosas, estamos avançando em direção a um mundo mais justo e igualitário”, afirmou Marcelo. Ele lembrou da dificuldade para elas conseguirem acesso a direitos básicos como educação. “Ainda há muito a ser feito para garantir que todas possam desfrutar desses direitos, independentemente de sua raça, religião ou local de nascimento”, pontuou.

“As mulheres têm provado repetidamente que são capazes de liderar, inovar, criar e mudar o mundo para melhor. Não à toa, temos aqui, neste plenário, quatro brilhantes mulheres que tão bem representam a sociedade capixaba, as deputadas Camila Valadão (Psol), Iriny Lopes (PT), Raquel Lessa (PP) e Janete de Sá (PSB)”, citou Marcelo. “Devemos continuar a lutar pela igualdade de gênero em todos os aspectos da vida, desde o local de trabalho até o governo, para que todas as mulheres possam ter as mesmas oportunidades de sucesso (...) Juntos, podemos criar um mundo onde todas as mulheres possam viver suas vidas plenamente, sem medo ou discriminação”, finalizou.


Equidade

A Ales conta com 610 servidoras, além das 34 prestadoras de serviços gerais, que são terceirizadas e trabalham no prédio do Legislativo. Algumas delas receberam, durante o evento, certificados, a serem entregues a todas.

A ocupação de espaços de liderança na Casa e a luta por equidade foram as tônicas do pronunciamento de Janete de Sá, que conduziu a homenagem e também falou sobre a luta por equidade: “(...) os diferentes precisam se colocar numa situação de igualdade, pra daí haver um ponto de partida. Nós vivenciamos esses problemas diariamente. Esses problemas de desigualdade, de falta de espaço, de impedimento de estar ocupando cargos de gestão, cargos de posição de poder, tanto na iniciativa privada, quanto no serviço público”, frisou.

“Mas aqui nessa Casa tem sido um pouco diferente. De um tempo pra cá, muitas mulheres têm sido oportunizadas, graças a uma visão que a gente vem lutando para implantar aqui dentro. E não tem sido fácil porque o parlamento, os locais de decisão de poder, eles são muito masculinos, desde muito tempo. Então é um espaço que não nos vai ser dado, que precisa ser conquistado por nós”, ressaltou a deputada.

Apesar de entender que ainda há muito caminho a ser percorrido na luta por espaço e direitos, a deputada Iriny Lopes ressaltou que a data tem sim muitos aspectos a serem celebrados: “(...) hoje é sim um dia de comemoração. Porque se formos ver a história das mulheres no mundo, nós avançamos, nós quebramos as paredes do mundo privado e começamos a ir para o mundo público”, ponderou.

A luta por equidade também fez parte do pronunciamento da ex-ministra. “O mundo vai mudar de verdade para melhor quando nós mulheres formos tratadas com equidade. Para mim, a palavra igualdade já está até superada. Equidade no mundo do trabalho, na política, na ciência (...) Feliz Dia das Mulheres para todas nós. Muito a comemorar, mas muito mais ainda a conquistar”, concluiu a petista.


Espaço na política

Já a deputada Raquel Lessa escolheu a luta por espaço na política como tema central de sua fala. “É um dia que a gente comemora os nossos avanços, as nossas conquistas, mas também eu acho que a gente precisa avançar mais. E quando eu falo avançar mais, eu penso na política, porque hoje eu estou aqui como deputada estadual, nós precisamos avançar muito na política”, ressalvou.

“Quando a gente vê aqui 30 cadeiras e sendo aqui ocupada agora por 4 mulheres, nós precisamos olhar mais com outros olhos pra política. Porque a mulher faz a diferença na política. Eu sempre falo que nós precisamos ter coragem pra ir à luta naquilo que a gente pensa. Quando eu falo de política, como é difícil arrumar mulher pra ser candidata”, opinou.

“Às vezes os partidos chegam pra gente e dizem: ‘vem pra você preencher uma cota’. E nós não queremos ser cota. Nós não queremos preencher cota, nós queremos ser mulheres de garra, queremos disputar a eleição, disputar com os nossos amigos homens e nós precisamos ter essa coragem, sermos mulheres de atitude”, defendeu.

Violência contra a mulher

As mais diversas formas de violência contra a mulher foram abordadas pela deputada Camila Valadão. A parlamentar prestou homenagem às vítimas de atentado ocorrido em escolas de Aracruz, em novembro do ano passado, que deixou quatro vítimas fatais, todas elas mulheres.

“Eu quero começar este dia prestando a minha homenagem às mulheres, vítimas fatais do massacre de Aracruz: Flávia, Cibele, Penha, a jovem menina, na verdade muito menina, Celena. Quero também prestar a minha homenagem às mães que dormiram esta noite na fila, no Himaba (Hospital Infantil e Maternidade Alzira Bernardino Alves), pra poder agendar consulta para os seus filhos, e uma parte dessas crianças com deficiência”, lamentou a deputada.

“Estou prestando essa homenagem porque ela diz muito da batalha das mulheres todos os dias para viver, sobreviver e ter os seus direitos garantidos nesse país. Quero também prestar a minha homenagem a todas as mulheres que lutam (...) em defesa da terra, pela reforma agrária, pela agricultura familiar, às mulheres que estão no espaço urbano e lutam todos os dias para ter os seus direitos básicos fundamentais garantidos”, lembrou. “Chamo a atenção para dizer que nós somos muitas, que nós somos diversas, mas as nossas batalhas em busca de equidade nos unifica, nesses diferentes espaços que atuamos. E temos muito o que avançar”, complementou.

Números

As deputadas Camila Valadão e Janete de Sá apresentaram números para ilustrar a busca de equidade de gênero e a violência contra a mulher. “A cada quatro horas uma mulher é vítima de violência neste país. De acordo com a ONU, serão necessários mais de 300 anos para que possamos atingir um mundo com igualdade de gênero. Essa igualdade de gênero, nós que estamos aqui nesta mesa, não viveremos, lastimou Camila.

“Eu preciso fazer um recorte rápido da violência doméstica em nosso estado. Foi registrado, do início do ano até hoje, dia 8 de março, que 17 mulheres foram assassinadas, e dessas, 5 foram vítimas de feminicídio. É uma violência que ainda nos agride profundamente”, pontuou Janete.


Homenagens


O presidente Marcelo Santos, em nome da Mesa Diretora, realizou uma homenagem a todas as servidoras da Ales, com a entrega de certificados. Durante a cerimônia foram entregues 24 desses certificados a servidoras da Casa, a representantes do Poder Judiciário e das forças militares do Espírito Santo. A desembargadora do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), Marianne Júdice de Mattos, falou sobre a importância da data.

“É com muita alegria que estou aqui hoje representando o Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo nesta Casa de Leis, no dia 8 de março, símbolo de uma luta histórica das mulheres, que se iniciou com a reivindicação de igualdade salarial e de condições de trabalho e que hoje aborda temas como combate a toda sorte de violência baseada no gênero”, disse.

“Em busca de igualdade de gênero no mercado de trabalho, de ocupação de espaço em cargos de direção e chefia, que são destinados em sua grande maioria ao gênero masculino. Daí a relevância das cotas de gênero estabelecidas pela lei das eleições, uma vez que é nesse espaço que se é possível pensar em políticas públicas voltadas para a solução das questões que atingem as mulheres que vivenciam esse cotidiano”, complementou a desembargadora.

A secretária de Gestão de Pessoas da Ales, Amanda Kiffer, falou em nome das servidoras da Casa. “Além de ser um momento importante de homenagem, penso eu que é também uma oportunidade de reflexão, por conta de tantas desigualdades e injustiças que a gente, como mulher, ainda enfrenta na sociedade. Então, é muito importante, nesse momento, ter essa oportunidade”, afirmou.

Fonte: Ales


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