Dar descarga no seu cocô pode ser perigoso, diz microbiologista; entenda


Quem nunca ouviu o conselho de fechar a tampa da privada ao dar descarga ou deixar o vaso tampado enquanto não está fazendo as necessidades. Na maioria das casas, principalmente depois da pandemia de Covid-19, a porta do banheiro também deve permanecer fechada. Teoricamente, isso evitaria que as bactérias e vírus que ficam no banheiro pudessem infestar outros cômodos da casa.

Mas isso não é uma teoria, segundo uma pesquisa publicada recentemente na revista Scientific Reports revelou que essa atitude de fechar a tampa da privada, por exemplo, é fundamental para inviabilizar a proliferação de bactérias e vírus nocivos à saúde pelo banheiro.

Cientistas da Universidade do Colorado Boulder, nos Estados Unidos, utilizaram lasers verdes brilhantes para iluminar o ambiente. As luzes foram capazes de captar a liberação de uma nuvem de partículas semelhante ao Vesúvio, que atinge mais de 1,5 metro acima do assento, após o acionamento da descarga.

— Quando acionamos a descarga, o turbilhão de água que desce arremessa uma nuvem de gotícula para cima que fica suspensa no ar por algumas horas e, dependendo da carga de vírus ou bactéria, pode contaminar o ambiente e até mesmo os utensílios do banheiro, como a escova de dente — afirma Gabriela Castro, microbiologista da Richet Medicina & Diagnóstico.

Entre as bactérias, a principal encontrada dentro do vaso sanitário é a Escherichia coli, presente na flora intestinal e que em desequilíbrio pode causar infecções urinárias, diarreias, vômitos e doenças mais sérias, como colite hemorrágica e síndrome hemolítico-urêmica.

— Se der a descarga com a tampa aberta e tiver a formação desse aerossol, essas bacterias podem se fixar na pele, por exemplo, e se a pessoa passar a mão ali e depois coçar os olhos, ou levar a mão na boca, há um risco de contaminação, podendo causar uma irritação nos olhos e infecções estomacais — afirma Castro.

A microbiologista explica que apesar de cientificamente não ser comprovado a transmissão, há grandes riscos de pegar uma virose ou doença bacteriana em razão disso. E diz que o único jeito de prevenir é a mudança geral nos pequenos hábitos.

— Fechar a tampa da privada na hora de dar descarga, higienizar o banheiro com água sanitária com frequência, principalmente o vaso sanitário, guardar a escova de dente dentro do armário, ou usar aquela capa protetora nas cerdas para não ter contato com o ambiente. E após o uso, é importante fechar a porta do banheiro como uma outra barreira para impedir a proliferação desses vírus e bactérias — diz Castro.

Os pesquisadores americanos descobriram que as partículas da descarga podem disparar a velocidades 2 metros por segundo, atingindo 1,5 metros de altura, acima do vaso sanitário, em apenas oito segundos. As gotas maiores se depositam nas superfícies em poucos segundos, mas partículas menores permaneceram suspensas no ar por vários minutos.

Limpeza do vaso sanitário

O vaso sanitário é a parte de mais atenção e cuidado na hora da limpeza dentro do banheiro. Isso porque as bactérias e vírus presentes nas fezes, mesmo após efetuar a descarga, além de ficar no ar, fica também nas paredes e bordas da privada e dependendo da quantidade de carga, pode infectar outras pessoas que usarem o local.

Especialistas afirmam que o vaso deve ser higienizado com água sanitária, desinfetante e, em alguns casos, cloro, ao menos duas vezes na semana. Porém, se muitas pessoas morarem na residência e dividirem o mesmo vaso, o ideal é que esse número aumente para três vezes. Se um dos moradores apresentar algum tipo de infecção bacteriana ou virose, a limpeza precisa ser diária.

Pacientes oncológicos ou imunossuprimidos também precisam ter um cuidado redobrado, por terem um sistema imunológico mais fraco e ser mais propício a desenvolver doenças relacionadas a bactérias e vírus. Nestes casos, os especialistas também recomendam que a higienização do vaso seja diária.

Fonte: O Globo



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