Homem é declarado inocente após 38 anos preso por um assassinato que não cometeu

Evidências biológicas que comprovaram inocência de Maurice Hastings só foram testadas em junho de 2022

Na Califórnia, homem é declarado inocente após 38 anos preso por um assassinato que não cometeu J. Emilio Flores/Cal State LA

Um homem condenado por roubo, homicídio e agressão sexual em 1983 foi declarado inocente por um juiz da Califórnia nesta quarta-feira e teve sua prisão cancelada. Maurice Hastings foi oficialmente inocentado das acusações após passar 38 anos preso injustamente.

— Significa muito. Sou grato pela decisão do juiz e pelas desculpas, tudo foi maravilhoso hoje — disse Hastings após a audiência, no centro de Los Angeles. — Estou pronto para seguir em frente com minha vida. Hoje sou um homem feliz — acrescentou.

Hastings deixou a prisão em outubro de 2022 depois que o 'Los Angeles Innocence Project', uma iniciativa da Universidade do Estado da Califórnia, comprovou que novos resultados do teste de DNA apontavam conclusivamente para outro suspeito e justificavam a libertação imediata.

A promotora distrital adjunta Martha Carrillo, da Unidade de Integridade da Convicção, apresentou um pedido público de desculpas a Hastings em tribunal aberto em nome do Gabinete do Promotor Distrital do Condado de Los Angeles. Enquanto a promotora falava, o homem sorria, segurando as lágrimas às vezes, enquanto era apoiado por seus advogados.

— Embora o Sr. Hastings tenha sido libertado em outubro de 2022 da custódia, a conclusão do tribunal de inocência factual é crucial para garantir que a justiça seja realmente feita neste caso — afirmou Ayesha Hussain, advogada do Los Angeles Innocence Project. — Agora não há dúvida de que não existe evidência ligando o Sr. Hastings ao verdadeiro perpetrador dos crimes horríveis que ocorreram em junho de 1983 — destacou.

Na época da condenação, nenhuma evidência física ligou Hastings aos crimes pelos quais foi preso; e inúmeras testemunhas e álibis atestaram seu paradeiro durante o crime. Os promotores tentaram impor a pena de morte após o veredicto de culpa, mas o júri o condenou à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.

As evidências biológicas coletadas da vítima como parte de um kit de agressão sexual foram preservadas, mas nunca testadas em DNA, apesar dos repetidos pedidos de Hastings que datam de décadas.

— Estou encarcerado há mais de quinze anos por um assassinato que não cometi — escreveu Hastings em uma carta ao Ministério Público do Condado de Los Angeles em 2000. — A evidência mais convincente que ainda não foi examinada é a evidência de DNA que mostrará conclusivamente que eu não era a pessoa envolvida com a falecida na hora do crime — ressaltou o acusado.

Essa evidência — uma amostra oral da vítima que continha sêmen — foi testada em junho de 2022 e excluiu o homem que havia sido condenado. O teste também produziu um novo perfil de DNA que correspondia a Kenneth Packnett, que o Ministério Público determinou ser o verdadeiro assassino e que morreu na prisão em 2020 enquanto cumpria pena por sequestro e estupro.

Fonte: O Globo

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