Bromazolam: efeitos e perigos da substância que causou morte de homem em motel


Ela é motivo de alerta voltado para a saúde pública, nos Estados Unidos, devido a relatos de aumento de casos envolvendo a substância. Chamada Bromazolam, foram registradas 236 mortes com envolvimento da substância somente de 2019 até junho do ano passado.

No Espírito Santo, a Polícia Civil (PCES), por meio da Superintendência de Polícia Técnico-Científica (SPTC), identificou, pela primeira vez no Brasil, um óbito relacionado ao consumo do Bromazolam. No dia 10 de julho de 2022, a droga contribuiu para a morte de um homem encontrado em um motel, em Jardim Limoeiro, na Serra. Dois dias após o caso, a mesma substância foi apreendida em Guarapari.

Um outro fato é que, neste ano, o Laboratório de Química Forense da SPTC já recebeu mais duas apreensões desta substância, que geralmente é utilizada combinada com a droga altamente letal, chamada fentanil.

Mas então, o que é essa substância que tem sido usada como entorpecente? Antes, é preciso entender que não se trata de um medicamento aprovado para uso humano. Portanto, não é possível obtê-lo legalmente com receita médica.

"A venda e o consumo dessa substância são ilegais e perigosos. Portanto, não há um processo legal para a aquisição do Bromazolam, e o uso dessa substância representa um risco significativo à saúde e à segurança dos indivíduos", alerta Vital Fernandes Araújo, médico, pós-graduado em Medicina Ortomolecular e pós-graduado em Psiquiatria.

O que é o Bromazolam?

Pertencente à família dos benzodiazepínicos, medicamentos com propriedades sedativas, ansiolíticas (que diminuem a ansiedade), sedativas, hipnóticas, anticonvulsivantes e relaxantes musculares, trata-se de uma substância química.

De acordo com Vital Fernandes, é basicamente um composto de investigação que não foi aprovado para uso médico.

"No entanto, ela tem sido utilizada de forma recreativa e ilegal por pessoas que buscam seus efeitos ansiolíticos, sedativos e relaxantes musculares, semelhantes aos de outros benzodiazepínicos. É importante ressaltar que o uso do Bromazolam é perigoso e não é recomendado devido à falta de informações sobre sua potência, duração dos efeitos e perfil de segurança", alerta.

Fins recreativos e automedicação: entenda os riscos

Vital lembra que a circulação do Bromazolam é algo bastante recente no Brasil, apesar das inúmeras mortes já relatadas em outros países em decorrência do consumo da substância. A grande preocupação dos profissionais da área da saúde, agora, está em torno das consequências do uso dela.

"Infelizmente, percebemos um aumento no número de pessoas que buscam substâncias como o Bromazolam para fins recreativos ou de automedicação, o que é preocupante", pontua o médico.

Para o especialista, a tendência no aumento do consumo da droga pode estar relacionado, entre outros fatores, à facilidade de acesso a informações e substâncias na internet, a busca por alívio imediato de sintomas de ansiedade e estresse, além da curiosidade em experimentar novas substâncias.

O médico ainda faz um importante alerta. "É essencial que a população esteja informada sobre os perigos do uso ilícito dessas substâncias e busque ajuda médica para tratar adequadamente suas condições de saúde. Campanhas de conscientização, educação e prevenção, além de políticas públicas eficazes, são fundamentais para combater o uso indevido de substâncias como o Bromazolam e promover a saúde mental da população."

Risco de morte

Se combinada com outras substâncias, como o fentanil, por exemplo, um opioide potente que pode causar depressão respiratória, quando associado a um benzodiazepínico como o Bromazolam, o risco de morte é ainda maior.

"É extremamente perigoso misturar Bromazolam ou qualquer outro benzodiazepínico com opiáceos, ou outras substâncias depressoras do sistema nervoso central", explica Vital.

Entenda os efeitos do Bromazolam no organismo

Os efeitos do Bromazolam no organismo de um indivíduo são semelhantes aos de outros benzodiazepínicos. Veja alguns listados pelo especialista:

1. Sedação: o Bromazolam pode causar sonolência e redução da atividade cerebral, levando a uma sensação de calma e relaxamento;

2. Relaxamento muscular: a substância pode diminuir a tensão e rigidez nos músculos, promovendo o relaxamento muscular;

3. Diminuição da ansiedade: pode reduzir os sintomas de ansiedade, proporcionando uma sensação de tranquilidade;

4. Efeitos anticonvulsivantes: embora não seja aprovado para uso médico, o bromazolam pode ter efeitos anticonvulsivantes, semelhantes aos de outros benzodiazepínicos.

Além desses efeitos, o médico disse que ao ser usado em doses elevadas, o bromazolam pode causar amnésia (perda total ou parcial da capacidade de lembrar de acontecimentos), perda de consciência e até de coordenação motora.

"No entanto, a potência, a duração dos efeitos e o perfil de segurança específicos do bromazolam ainda não são completamente conhecidos, tornando seu uso perigoso e imprudente", reforça.

Riscos a curto, médio e longo prazos

O fato é que, além de levar à morte, o uso da substância leva a uma série de outros efeitos adversos. A curto prazo, por exemplo, pode causar sonolência, prejudicando a habilidade de realizar atividades diárias e aumentando o risco de acidentes, explicou Vital Fernandes.

A médio prazo, surgem os quadros de tontura, aumentando o risco de quedas e acidentes, amnésia temporária ou lapsos de memória, perda de coordenação motora, dependência física e psicológica, tolerância ao bromazolam, exigindo doses cada vez maiores para alcançar os mesmos efeitos e crises de abstinência com episódios de insônia, convulsões e, em casos extremos de delírio estão entre os perigos.

"Esses riscos reforçam a importância de evitar o uso de Bromazolam e outras substâncias não aprovadas, buscando tratamentos médicos adequados e seguros para lidar com condições de saúde", finaliza o especialista.

Vale destacar que os dados levantados pela perícia capixaba possibilitaram a inclusão do bromazolam no rol de substâncias controladas pela Anvisa, uma vez que, até então, não havia registro da circulação desta droga no Brasil.

Fonte: Folha Vitória


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