A modelo brasileira Nayara Vit e o empresário chileno Rodrigo Del Valle Mijac Reprodução/Instagram |
O Tribunal da Quarta Garantia de Santiago, no Chile, determinou na última sexta-feira a prisão do empresário Rodrigo Del Valle Mijac. Diretor de uma empresa de tecnologia na capital chilena, ele foi acusado pelo Ministério Público como autor do feminicídio que vitimou a modelo brasileira Nayara Vit. O crime ocorreu em 7 julho de 2021.
Nayara, que tinha 33 anos, morreu após cair do 12º andar de um prédio no Bairro Las Condes, área nobre de Santiago. Ela era considerada uma celebridade na capital chilena após, em 2015, ter começado a participar do programa "Toc Show". Natural de Cuiabá, no Mato Grosso, ela morava no Chile havia 16 anos.
Desde então, as autoridades chilenas investigavam se Nayara havia cometido suicídio ou teria sido assassinada. A família da vítima nunca acreditou na hipótese da brasileira ter se matado. De acordo com a promotoria, o crime aconteceu depois que a vítima chegou ao apartamento que dividia com sua filha e o companheiro.
Nayara e Mijac tiveram uma discussão e o acusado agrediu a modelo fisicamente, "exercendo força sobre seu corpo e causando uma fratura em sua mão esquerda". A vítima então começou a gritar pedidos de socorro. Mijac então sufoca Nayara e a arremessa da sacada do apartamento. A brasileira morreu com o impacto da queda.
— Nunca tivemos duvida que ele teria sido o autor do crime — afirmou Eliane Marcos Vit, mãe de Nayara, em entrevista ao GLOBO.
Eliane disse que recebeu a notícia da prisão com surpresa. Ao longo de um ano e nove meses de investigações, ela esteve duas vezes no Chile e conversou com membros da Fiscalía (o Ministério Público local), e chegou a ficar descrente que o autor do crime poderia ser punido.
— Confesso que muitas vezes perdemos as esperanças, por se tratar de uma pessoa de grande poder, muita influência. Achamos que esse dia não fosse chegar — disse Eliane.
Perigo para a sociedade
Mijac está detido no Centro de Detenção Preventiva Santiago 1, por determinação da juíza Ximena Rivera Salinas. A magistrada considerou que a liberdade do acusado constitui um perigo para a segurança da sociedade.
"Existe um direito consagrado em todo ordenamento jurídico que foi transgredido pelo acusado por razões ou motivos que desconhecemos, mas que em última análise não pode ficar de fora de um ato de violência de gênero, sendo, portanto, que um fato particularmente grave, e sendo esta a principal razão do tribunal, é que se considera que a liberdade do acusado é perigosa para a segurança da sociedade", escreveu a juíza.
Fonte: O Globo