FBI alerta polícia do ES após comentários extremistas de jovens


Uma suposta ameaça de ataques em escolas de Vila Velha mobilizou uma empresa internacional de tecnologia e houve até acionamento do FBI (Federal Bureau of Investigation), o Departamento de Investigação dos Estados Unidos. Por meio do trabalho da polícia capixaba, os suspeitos foram identificados.

De acordo com o delegado adjunto da 2ª Delegacia Regional de Vila Velha e titular do 6º Distrito de Polícia de Vila Velha, Guilherme Eugênio Rodrigues, tudo começou no dia 11 de abril. Durante duas lives diferentes promovidas pela Amazon Twich, duas pessoas de Vila Velha fizeram postagens com ameaças extremistas.

Uma das postagens mencionava o dia 20 de abril. A outra seria no dia 14, dois dias após a publicação. De acordo com o delegado, isso acendeu um alerta de urgência e as ameaças foram, imediatamente, identificadas pela Amazon.

"As empresas estão mais preparadas e todas as ameaças são muito levada a sério. A Amazon desenvolveu uma plataforma inteligente para identificar as ameças e, no mesmo dia, comunicou ao FBI sobre as ameaças. Essa comunicação ao FBI foi feita porque eles se reportam as leis americanas, em regra", explicou.

Após ser alertado, o FBI avisou a Polícia Federal do Brasil, que, por sua vez, reportou à Polícia Civil através da Delegacia de Vila Velha.

"Não queremos ver mais uma tragédia aqui e todas as unidades estão disponíveis para o trabalho".

"Quando recebemos essas informações, surgiu um senso de urgência, pois chegaram para nós somente no dia 12, à noite. Entre os trâmites do FBI, houve uma pré-apuração, que tentou explorar as fontes disponíveis para eles. O FBI já repassou para a PF e para nós uma informação detalhada com dados cadastrais desses infratores", contou o delegado.

Delegado Guilherme Eugênio - Foto: Divulgação/Sesp

Com as informações e, por meio de investigações, foram identificados dois adolescentes responsáveis pelas postagens.

Um dos casos, no entanto, envolveu a identidade de outra pessoa e houve a necessidade de uma apuração mais aprofundada.

De acordo com o delegado, os dois adolescentes usaram dados insuficientes para identificação. Por meio do IP de conexão, foi verificado que eles estavam em Vila Velha.

Um dos adolescentes, de 17 anos, usou dados de identificação incompletos. O delegado destaca que ele possuía um nome comum e foi difícil identificá-lo. As contas usadas por ele tinham dados de pagamento da irmã, o que permitiu chegar aos dados de investigação.

"Já o adolescente de 16 anos usou o nome de um professor vizinho dele. É um professor jovem, aprovado em concurso público e que poderia ser muito prejudicado, pois ninguém quer ter aulas com alguém que faz ameaças. Esse professor tem um sobrenome muito incomum e único no Estado. As residências deles têm muros confrontantes. Claramente, o aluno agiu de má-fé", afirmou o delegado.

Segundo ele, o FBI repassou os dados do professor como suspeito das ameças e isso se tornou um caso muito grave.

"Nós ouvimos o professor e não conseguimos identificar nenhum elemento que mostrasse que ele era suspeito. Ele poderia ter muito mais facilidade para ter acesso a meios necessários para ter essa ameaça. O professor permitiu acesso às plataformas digitais dele e não encontramos nenhum vestígio. Passamos a nos concentrar na vizinhança da casa do professor, se alguém tinha acesso ao wi-fi. O curioso que esse adolescente tem o mesmo pré-nome do professor. Então, ele usou o primeiro nome dele e o sobrenome do professor", afirmou.

Para chegar à identidade do adolescente, a Polícia Civil trabalhou de forma integrada com a Polícia Federal, Guarda Municipal e Secretaria de Educação de Vila Velha. Além disso, foram identificadas outras pessoas que usavam a mesma rede wi-fi do professor. A partir daí, chegaram ao nome do suspeito.

"Ele confessou, na presença dos pais e do conselho tutelar. Foi uma conclusão segura. Provavelmente ele acessou a rede wi-fi do professor. Ele não confessa isso, mas descobrimos que essa senha pode ter sido compartilhada por familiares do professor que tem interação com o adolescente infrator", relata o delegado.

"Nos dois casos, verificamos que eles agiram com tom jocoso, por brincadeira, para se aparecerem para os colegas, mas sem intenção e nem condições de levar esses ataques adiante. Eles são da geração nem-nem. Nenhum dos dois trabalham e nem estudam e não têm acesso às escolas", destacou o delegado.

Guilherme Eugênio ainda deixou claro que toda e qualquer informação, que chegue por meio de qualquer meio, é levada a sério.

"Toda ameça de ataque a instituições de ensino vem sendo levada muito a sério pelas polícias, pelas instituições e pelas empresas que administram as redes sociais. Não prejulgamos que uma ameça é brincadeira ou não. Só chegaremos a uma conclusão após investigarmos", afirmou.

"Em nenhum ambiente, os infratores estão isentos a ação preventiva do Estado. Tudo o que pode ser feito para evitar novas tragédias, está sendo feito. Não podemos garantir que não ocorrerão, mas estamos trabalhando para que não ocorra".

O caso foi encaminhado para a Promotoria da Vara da Infância e da Juventude de Vila Velha, que irá avaliar quais medidas socioeducativas podem ser adotadas no caso dos dois adolescentes.

Fonte: Folha Vitória


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