Imagem de mercado em Mumbai, na Índia, em 17 de março de 2023 — Foto: Rajanish Kakade/AP |
Neste mês, a Índia está ultrapassando a China em tamanho de população, segundo projeções da Organização das Nações Unidas (ONU). Com isso, pela primeira vez em séculos, a China está deixando de ser a nação com mais cidadãos, e a Índia assume esse posto. A data exata desta mudança no ranking de países mais populosos não foi informada, mas a ONU previa que isso ocorreria até o fim de abril.
- A Índia tem 1,428 bilhão de habitantes
- A China tem 1,425 bilhão de habitantes
Desde 1950, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) começou a contabilizar os tamanhos as populações do país do mundo, a China sempre foi a nação mais populosa do planeta.
A China provavelmente já era o país mais populoso por centenas de anos antes: estima-se que em 1750 havia 225 milhões de chineses, o que a tornava a mais numerosa do globo naquele ano.
Por que mudou?
A China tem uma população envelhecida e com crescimento estagnado. Nos anos 1980, a China instaurou a política do filho único. Um dos resultados foi a estagnação do crescimento, mesmo depois do fim da política do filho único. Agora a população chinesa está prestes a encolher. As projeções apontam que em 2050 a população chinesa vai ser 8% menor do que a atual.
E a Índia?
A Índia tem uma população muito mais jovem, uma taxa de fertilidade mais alta e uma queda na mortalidade infantil nas últimas três décadas.
A Índia tem mais bebês nascidos a cada ano do que em qualquer outro país, enquanto na China há mais mortes a cada ano do que nascimentos, disse Dudley Poston, Jr., professor emérito de sociologia na Texas A&M University.
A população indiana deve continuar crescendo e deve atingir o pico em 2064, com 1,7 bilhão de pessoas — cerca de 50% maior que a população projetada da China.
A Índia também teve uma política para tentar diminuir o ritmo de crescimento da população: nos anos 1970, houve programas de esterilização em massa. Durante a gestão de Indira Ghandi (ela governou em dois momentos, de 1966 a 1977 e de 1980 a 1984, quando foi assassinada), homens eram forçados a fazer vasectomias (se eles se recusassem, enfrentariam perda de salários ou até de empregos). A polícia prendia homens pobres nas estações de trem e os forçava a passarem por uma vasectomia.
A Índia, no entanto, é uma democracia; Indira Ghandi perdeu a reeleição e, assim, esse programa acabou. A fertilidade da Índia caiu, mas menos, e mais lentamente do que a da China.
Comparações entre a Índia e a China — Foto: Kayan Albertin/g1 |
Por que isso é importante?
Na Índia, a força de trabalho é crescente, e o crescimento populacional estimula a atividade econômica. Na China, o número de adultos em idade produtiva, capazes de sustentar uma população, está envelhecendo.
Quando um país tem um baixo nível de fertilidade, é difícil recuperar o crescimento populacional, mesmo com mudanças na política do governo para incentivar mais nascimentos, disse Toshiko Kaneda, diretor técnico de pesquisa demográfica do Population Reference Bureau, em Washington.
“Psicologicamente, será difícil para a China, especialmente devido à rivalidade entre os dois países em outras áreas”, disse Stuart Gietel-Basten, professor da Khalifa University of Science and Technology, em Abu Dhabi. O professor afirma que esse é um grande momento da humanidade.
De onde tiraram esses números?
A base dos números são os censos, ou contagens de pessoas, que, na teoria, acontecem a cada década.
O último censo da China foi em 2020. Os demógrafos usaram registros de nascimento e óbito, juntamente com outros dados administrativos, para calcular como a população cresceu desde então.
O último censo da Índia foi em 2011. O censo programado para 2021 foi adiado pela pandemia de Covid-19.
Sem uma contagem real por mais de uma década, as pesquisas de amostra preencheram as lacunas para ajudar os demógrafos a entender sua população, disse Alok Vajpeyi, da ONG Population Foundation of India, de Nova Delhi.
Andrea Wojnar, representante do Fundo de População da ONU para a Índia, disse que a agência está confiante nos números da pesquisa “porque usa uma metodologia muito robusta”.
Fonte: G1