Foto ilustrativa de cicatriz da cesárea — Foto: ThinkStock |
Mulheres que deram à luz em casa, na banheira, no meio da rua... Você provavelmente já ouviu histórias de mães que tiveram partos vaginais sem o apoio de uma equipe de saúde. Mas uma mexicana de 40 anos fez algo que, até então, nunca havia sido registrado pelos especialistas.
Em março do ano 2000, Inés Ramírez Pérez fez sozinha a sua própria cesárea e conseguiu salvar a vida do seu bebê. O caso foi publicado na revista científica International Journal of Gynecology & Obstetrics e voltou a viralizar nas últimas semanas. No estudo, os pesquisadores contaram o que aconteceu e o que a mulher fez para, mesmo sem conhecimento médico, ter uma operação bem-sucedida e conseguir com que tanto ela quanto o bebê sobrevivessem.
Na época, Inés vivia em uma comunidade rural no estado de Oaxaca, sem acesso a unidades de atendimento de saúde. A cabana onde ela morava não tinha água encanada e nem luz elétrica. Na madrugada do dia 5 de março daquele ano, depois de horas sentindo dor, ela se sentou em um banco e abriu o próprio abdômen com uma faca que tinha em casa, enfiou a mão no útero e retirou o bebê.
Segundo o relato feito na revista científica, logo na sequência, Inés cortou o cordão umbilical com uma tesoura e perdeu a consciência. Ela só conseguiu pedir ajuda depois de acordar de novo e orientar um de seus filhos mais velhos, Benito, 6, para que fosse buscar atendimento. A mulher foi levada para a clínica de saúde mais próxima e, depois, para o hospital, que ficava a 8 horas de distância de carro. A mãe precisou passar por duas cirurgias para reparar o local da incisão.
Em entrevista ao The Sydney Morning Herald, ela deu detalhes sobre o parto. "Eu não aguentava mais a dor. Se meu bebê fosse morrer, decidi que eu também teria de morrer. Mas se ele fosse crescer, eu o veria crescer e ficaria com meu filho. Eu pensei que Deus salvaria nossas vidas", disse. Tanto ela quanto o bebê, o pequeno Orlando, sobreviveram e puderam voltar para casa dias depois.
No estudo, os pesquisadores destacaram o risco ao qual Inés se colocou. "Medidas incomuns e extraordinárias para salvar seus filhos às vezes levam as mulheres a decisões extremas que colocam em risco suas próprias vidas. Medidas sociais, educacionais e de saúde devem ser instituídas em todo o mundo, principalmente nas áreas rurais dos países em desenvolvimento, para evitar esses eventos extremos", escreveram.
Fonte: Revista Crescer