Trens do monotrilho da Linha 15-Prata bateram perto da Estação Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo — Foto: TV Globo/Reprodução |
Câmeras de segurança registrara o momento em que os trens do monotrilho colidem na Linha 15-Prata, na madrugada do dia 8 de março. No vídeo, um funcionário aparece de costas para a via e ao celular (veja abaixo).
No início de abril, durante uma reunião com o Ministério Público, o Metrô afastou três pessoas foram responsabilizadas e afastadas: aquele que estava no centro de comando e monitorava a circulação dos trens naquele momento e os dois condutores dos trens envolvidos no acidente.
Em coletiva de imprensa nesta terça (18), o Sindicato dos Metroviários afirma que os funcionários estavam no celular porque o sistema de comunicação dos trens não funciona.
Segundo o sindicato, os operadores precisam se comunicar entre eles usando o próprio celular.
"Não foi falha humana. Foi um problema no sistema automático de proteção dos trens que, se estivesse funcionando, impediria a colisão. Além disso, houve um grave problema no sistema de comunicação. Esse sistema, ele não funciona, e por causa disso, muitas vezes os operadores precisam se comunicar pelo celular. Trem, monotrilho, não foi feito para bater", afirmou a presidente do Sindicato, Camila Lisboa.
O sindicato ainda afirma que mesmo se o funcionário estivesse de pé e no mesmo sentindo do trem, ele não teria evitado a batida, uma vez que o sistema operava no automático.
"O comando fica fechado, não tem um banco pro operador ficar de frente pro comando e não tem um isolamento e nem operador o tempo todo no comando, essa é uma falha no sistema, deveria ser corrigido. Se tivesse cabine, com o operador com banco de frente pro sistema e comando à mão, daria pra dar emergência", completa Narcíso Soares, vice-presidente do sindicato.
O celular lá é utilizado diversas vezes por falha de comunicação
Questionado, o Metrô afirma que a comissão permanente de segurança concluiu que o incidente foi ocasionado pelo descumprimento de procedimentos operacionais por parte dos funcionários envolvidos.
Ainda de acordo com o Metrô, todos os rádios que estavam sendo utilizados no dia da colisão, foram testados pelo laboratório e estavam em pleno funcionamento.
O processo para as devidas responsabilizações do acidente segue em andamento e é realizado por meio de procedimentos internos, seguindo a legislação.
Irregularidades
Na reunião do início do mês, o Ministério Público concluiu que há irregularidades nas vigas do Monotrilho e, embora não haja risco de que as peças se soltem, isso prejudica a durabilidade da segurança do local e, por isso, devem ser tomadas medidas de correção ou a substituição dos reparos.
Os peritos do MP disseram ainda que foi usada uma composição de materiais desaconselhada em reparos estruturais e afirmaram que há necessidade de revisar os métodos empregados nos reparos e reconstituições nas estruturas de concreto.
Histórico da Linha 15-Prata
Só neste ano, cerca de um terço das falhas registradas nas seis linhas do Metrô de São Paulo foram na Linha 15-Prata, do Monotrihlo. Ao todo, são 22.
Em 13 de janeiro deste ano, a linha tinha uma trinca na estrutura por onde passam os pneus dos trens. O Metrô também disse que encontrou um descolamento de concreto na via, que causou a paralisação da circulação de trens por seis horas, em seis estações.
Em 22 de setembro de 2022, pedaços de concreto caíram sobre a ciclovia da Avenida Anhaia Mello, na Zona Leste. O Metrô afirmou que não se tratava de um pedaço da viga, mas sim de uma camada de cimento em excesso, retirada durante uma manutenção. Ninguém ficou ferido neste incidente.
O Ministério Público investiga desde 2020 a sequência de problemas da operação do Monotrilho. Depois de dois incidentes específicos, foi solicitada uma perícia.
Desde 2015, a Linha 15-Prata foi a campeã em acionamentos do sistema Paese, ônibus disponibilizados quando uma linha de Metrô ou trem não está funcionando normalmente.
Nos últimos cinco anos, segundo um levantamento feito pelo produtor Abrahão de Oliveira, da TV Globo, via Lei de Acesso à Informação (LAI), o Metrô acionou o sistema Paese 346 vezes, sendo que 209 dessas vezes foi para a Linha 15-Prata e 136 chamados foram emergenciais.
Fonte: G1