Dia do Trabalhador: entenda como a data se tornou um feriado

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Dia do Trabalhador, celebrado nesta segunda-feira (1º), é uma data muito importante para todos os profissionais do Brasil e do mundo. Historicamente, o feriado internacional é dedicado à todas as conquistas dos trabalhadores.

De acordo com Carlos Vinícius Costa de Mendonça, professor do Departamento de História da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a data deriva de um conflito violento que aconteceu durante uma greve operária em 1º de maio de 1886, nos Estados Unidos.

O fato aconteceu um momento em que a cidade de Chicago ainda estava em desenvolvimento. Entre as reivindicações dos trabalhadores, estava a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas, aumento salarial, férias e descanso semanal.

"Nesse encontro de trabalhadores que estavam reivindicando em Chicago, alguém soltou uma bomba. Morreram policiais, morreram trabalhadores. Então, houve toda uma violência muito grande por parte da polícia", contou o professor.

Segundo o professor, cerca de cinco pessoas foram presas e executadas. Por conta do episódio violento, os Estados Unidos da América não reconhecem o 1º de maio como o Dia do Trabalhador.

"Eles comemoram, mas não é uma memória interessante para eles lembrar da violência. Eles têm uma tendência a esquecer", disse Mendonça.

Diferente dos brasileiros, os estadunidenses celebram o Dia do Trabalhador como Dia do Trabalho (Labor Day) na primeira segunda-feira do mês de setembro.

Mendonça ainda explicou que no Brasil, durante a Era Vargas, em 1945, também houve uma tentativa de despolitizar o Dia do Trabalhador, como aconteceu nos Estados Unidos.

"Existia um interesse do governo da época em não importar datas e referências históricas de outros países", comentou.

De acordo com o professor, após o ocorrido, aconteceu um segundo encontro de trabalhadores em Paris. Teria sido nesta reivindicação de direitos que a celebração do 1º de maio começou na Europa.

Dia do Trabalhador é um caso de polícia e de política

Um fato considerado importante para o professor é que o Dia do Trabalhador é um caso de polícia transformado em um caso de política.

"No Brasil, a partir de 1930, o conflito entre capital e trabalhadores transformou-se em um caso de política, mas não significa que não continuou sendo um caso de polícia", explicou o pesquisador.

Entre muitas das reivindicações dos profissionais ao longo do tempo no território brasileiro, estavam a jornada de trabalho de 8 horas, a proibição do trabalho infantil e o respeito ao trabalho da mulher.

"No Brasil, o salário mínimo começou na década de 1940. É curioso dizer que as ações do grupo empresarial brasileiro procuraram Vargas para que proibisse o salário mínimo em São Paulo", contou.

Sindicatos precisam reconquistar a confiança dos trabalhadores


A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi publicada em 1943 após muita luta. Segundo o pesquisador, foi um processo histórico que, desde o século XVIII, teve muita luta dos trabalhadores pela proibição do trabalho infantil e do descanso remunerado, por exemplo.

"Hoje nós temos a CLT. Porém, ela foi muito descaracterizada, houve muitas mudanças. Lamentavelmente, hoje você observa que não se ouve falar em força sindical", disse Mendonça.

Foto: Divulgação

O professor explicou que os sindicatos trabalhistas perderam representação, porque se envolveram em uma política de partidos e isso despolitizou o trabalho.

"Os sindicatos terão que reconquistar a confiança do trabalhador. Eu sou do ramo da educação, passei minha vida toda dando aula, tem escolas que tratam horrivelmente os professores, não pagam os salários e muitas categorias sofrem com a questão salarial e das garantias da saúde. Isso é tudo importante para o trabalhador", comentou o educador.

Uma das categorias que mais sofrem é a dos trabalhadores rurais. Segundo o professor, a CLT foi criada para o ambiente urbano, mas as condições na área rural continuam precárias.

Fonte: Folha Vitória


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