Pandemia, guerra na Ucrânia e alta na taxa de juros global afetaram o lucro das empresas de tecnologia e, por consequência, a fortuna de executivos do setor.
Musk, Zuckerberg e Bill Gates: por que os bilionários da tecnologia estão 'mais pobres' em 2023 — Foto: Reprodução |
Uma lista da Forbes divulgada no início de abril mostra quem são as pessoas mais ricas do mundo em 2023. Ela também revela que quase metade dos bilionários está perdendo mais dinheiro, incluindo aqueles do setor da tecnologia.
É o caso de Elon Musk (Twitter, SpaceX e Tesla), Jeff Bezos (Amazon), Bill Gates (Microsoft), Steve Ballmer (Microsoft), Larry Page (Google), Sergey Brin (Google) e Mark Zuckerberg (Meta) (veja mais no gráfico abaixo).
Entre esses poderosos, apenas Larry Ellison ganhou mais dinheiro entre 2022 e 2023. Ellison é cofundador da empresa de softwares Oracle e tem, hoje, uma fortuna de US$ 107 bilhões, contra US$ 106 bilhões em 2022.
O que aconteceu?
O setor da tecnologia tem maior capacidade de geração de bilionários, mas ele não está imune às incertezas econômicas. "Os cofres das empresas são afetados quando a economia está ruim e isso também impacta a fortuna de seus executivos. Gera um efeito cascata", explica Joelson Sampaio, professor de economia da FGV EESP.
Para especialistas consultados pelo g1, três fatores promoveram a queda na fortuna dos bilionários de tecnologia:
- 🦠 Pandemia de Covid-19: no início da crise sanitária, a digitalização aumentou. Com todo mundo em casa, governos deram auxílios financeiros para as pessoas, que gastaram mais on-line. Com isso, as empresas de tecnologias cresceram e precisaram contratar mais gente para suprir a alta demanda. Mas esse crescimento não se manteve após a flexibilização;
- 🌍 Guerra na Ucrânia: a Rússia é um dos maiores fornecedores de energia no mundo e, com o início da guerra, o Ocidente deixou de comprar gás e petróleo do país de Vladmir Putin. Mas esse embargo ajudou a elevar a inflação em todo o mundo. "A energia subiu e empurrou a inflação para cima, o que acabou elevando o custo das empresas", explica o professor de economia e relações internacionais da ESPM Leonardo Trevisan. A economia, já afetada pela pandemia, piorou;
- 💸 Alta na taxa de juros: os bancos centrais de vários países elevaram a taxa básica de juros para conter essa inflação desenfreada. A medida impactou as vendas, e as empresas reduziram o gasto com anúncios on-line para cortar custos. "Só que a publicidade digital é a principal fonte de receita das 'big techs'", diz Trevisan.
Mark Zuckerberg vem perdendo mais dinheiro
Comparando com os números de 2021 da Forbes, é possível identificar que a maioria dos bilionários ganhou mais dinheiro em 2022. Mas uma queda expressiva chama a atenção: Mark Zuckerberg. Ele viu seu patrimônio despencar de US$ 97 bilhões em 2021 para US$ 67,3 bilhões em 2022.
Trevisan lembra que, em valor de mercado, a Meta caiu mais do que as outras empresas. Além dos fatores mencionados acima, a influência do TikTok contribuiu para a baixa na dona do Facebook — o próprio Zuckerberg reconhece que a concorrência interferiu no crescimento de sua empresa.
Ainda segundo o especialista, boa parte dos bilionários ganhou mais dinheiro em 2022 porque os investidores previam um cenário benéfico, o que não aconteceu. As demissões em massa nas "big techs" são um exemplo desse mau momento.
"Todo mundo fez investimento pesado durante a fase dura da pandemia, mas a economia retraiu", diz Leonardo Trevisan, da ESPM. "Apesar do poder que elas têm, todas são empresas como qualquer outra e passam dificuldades, também", conclui.
Fonte: G1