Cliente recebe sorvete em pote feito de mandioca, come embalagem e viraliza após descobrir que não era comestível

Produtos da Já Fui Mandioca não são comestíveis, apesar de naturais e atóxicos, explica o fundador da marca

Embalagens da Já Fui Mandioca são feitas com a fécula da raiz, mas não são comestíveis @carolinajesper/Divulgação


Depois de pedir sorvete e receber o produto em um pote da startup Já Fui Mandioca, que produz embalagens a partir da planta, a consumidora Carolina Jesper entendeu que o material era comestível, e chegou a consumir parte dele. A história foi parar no Twitter, onde ela postou uma foto do pote mordido. A publicação recebeu mais de 35 mil likes e foi compartilhada por mais de 1,1 mil pessoas. Procuramos a startup para entender: afinal, a embalagem é comestível ou não?

“Apesar de ser atóxica, natural e ecologicamente correta, nossa embalagem não é recomendada para consumo. Não tem gosto ou valor nutricional. A embalagem é para embalar, para proteger o alimento”, diz Stelvio Mazza, fundador e CEO da Já Fui Mandioca.

O empreendedor conta que essa não foi a primeira vez que isso aconteceu: no Big Brother Brasil de 2021, uma participante tentou comer a embalagem ao descobrir que era feita de mandioca. “É super bem avisado aos nossos clientes, vem escrito nas nossas caixas e materiais, pedimos que seja avisado pelos estabelecimentos, mas sai do nosso controle e do deles”, comenta. Ele acrescenta que a empresa não tem a intenção de tornar os produtos comestíveis, já que isso exigiria outras regulamentações.

Stelvio Mazza fundou a Já Fui Mandioca em 2019 — Foto: Divulgação

As embalagens são feitas de fécula da mandioca-brava, espécie não utilizada para alimentação, mas que serve de insumo para a indústria. Mazza pontua que a matéria-prima tem propriedades físico-químicas que auxiliam no processo de criação das embalagens, além de ser plantada por pequenos produtores. O Brasil é o quarto maior produtor de mandioca do mundo, segundo dados da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), com a produção de 18 milhões de toneladas em 2022.

A Já Fui Mandioca foi fundada em 2019. Mazza empreendia no terceiro setor e se incomodava com os plásticos de uso único. “Para mim nunca fez sentido você tomar um sorvete, que derrete em 30 minutos, e usar um pote que vai durar 400 anos. Não precisava reinventar a roda, apenas copiar a embalagem mais perfeita, as cascas das frutas, que embalam pelo tempo necessário e depois viram insumo”, conta.

As embalagens são feitas a partir do amido da mandioca, que é transformado em uma massa e colocado em moldes no formato dos potes. Atualmente, a Já Fui Mandioca trabalha com seis linhas de produtos, incluindo uma para delivery. Por causa do foco em itens de consumo imediato e de uso único, os potes da startup se dissolvem com a água da chuva, em um período que varia de 10 a 15 dias.

O descarte aconselhável, porém, é a compostagem, com as embalagens se transformando em adubo em 90 dias. “Não é reciclável, é compostável. É um produto novo, gera confusão, mas deixem para as minhocas comerem”, finaliza Mazza.

Fonte: Revista PEGN

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