Fenômeno causa secas no Norte e Nordeste do país (chuvas abaixo da média), principalmente nas regiões mais equatoriais; e provoca chuvas excessivas no Sul do país e no sudeste do país.
Quando o El Niño está ativo a água do oceano na zona equatorial está mais quente — Foto: Cortesia de William Patzert |
O inverno começa oficialmente no hemisfério sul nesta quarta-feira (21). A estação mais fria do ano, entretanto, deve ser atípica por influência do El Niño, fenômeno meteorológico que eleva as temperaturas — e que pode, inclusive, se tornar um Super El Niño.
O El Niño, assim como a El Niña, determina mudanças nos padrões de transporte de umidade e, portanto, variações na distribuição das chuvas em algumas partes do mundo — inclusive o Brasil.
Segundo o International Research Institute for Climate and Society, os dois fenômenos, El Niño (EN) e La Niña (LN), têm as seguintes características:
- tendem a se desenvolver entre abril e junho
- atingem o pico entre outubro e fevereiro
- duram entre 9 e 12 meses,
- podem persistir por até aproximadamente 2 anos
- recorrem em intervalos de 2 a 7 anos
Ou seja, acontecem de maneira alternada e periódica, com um período de neutralidade entre eles. Para determinar que um dos dois fenômenos está em curso é preciso haver persistência na alteração de temperatura no Oceano Pacífico por, pelo menos, cinco ou seis meses de registros de altas ou quedas para que um dos fenômenos se consolide de fato.
O El Niño é a fase positiva do fenômeno chamado El Niño Oscilação Sul (ENOS). Ou seja, quando ele está em atuação, o calor é reforçado no verão e o inverno é menos rigoroso. Isso ocorre porque ele dificulta o avanço de frentes frias no país, fazendo com que as quedas sejam mais sutis e mais breves.
O ar se torna mais seco e passa a circular para baixo, o que dificulta a formação de chuva e está associado a períodos de secas.
Quais os impactos do El Niño sobre o clima do Brasil?
Causa secas no Norte e Nordeste do país (chuvas abaixo da média), principalmente nas regiões mais equatoriais; e provoca chuvas excessivas no Sul do país e no sudeste do país.
Tem relação com o aquecimento global?
Não, já que essa variabilidade climática é diferente de mudança climática (que é definitiva, quando o regime climático como um todo se altera e cria um novo padrão).
No entanto, as mudanças climáticas devem afetar inclusive esses mecanismos de variabilidade porque a própria circulação dos oceanos deve mudar e afetar como o clima vai repercutir ao redor do globo.
Super El Niño?
A ocorrência do evento de variação climática já era amplamente esperada. Há expectativa de especialistas de que ele possa até mesmo se configurar como um Super El Niño.
A confirmação de que o "El Niño" está entre nós foi divulgada por Emily Becker, uma cientista do clima e comunicadora da NOAA. Segundo ela, "as chances dele se tornar um evento forte em seu pico são de 56%, enquanto as chances de termos pelo menos um evento moderado são de aproximadamente 84%".
El Niño e La Niña — Foto: Arte g1/Luisa Rivas |
Fonte: G1