PM que matou músico em Vitória criou grupo em app para combinar versões sobre crime


O assassinato aconteceu após Guilherme reclamar com o vizinho sobre o som alto

Foto: Instagram/ @guigorocha

Após pouco mais de dois meses da morte do músico Guilherme Rocha, de 37 anos, que ocorreu em um condomínio do bairro Jardim Camburi, em Vitória, e denúncia do Ministério Público, a Polícia Civil também concluiu o inquérito.

Dentro das investigações, ficou claro que o atirador, agora preso preventivamente, o soldado da Polícia Militar Lucas Torrezani de Oliveira, de 28 anos, criou um grupo em uma rede social para combinar versão que seria repassada à Polícia Civil. No grupo, chegou a afirmar sobre a vítima: "Se ele queria silêncio, agora terá silêncio eterno".

O grupo, que foi posteriormente apagado, era composto também pelo colega Jordan Ribeiro de Oliveira, também denunciado e que responde ao crime em liberdade, e uma terceira testemunha.

O assassinato foi cometido após Guilherme reclamar com o vizinho sobre o som alto. A síndica do condomínio contou que o tipo de reclamação contra o policial era comum. A vítima, inclusive, já chegou a formalizar uma queixa sobre barulho durante a madrugada.

Sobre o dia dos crimes

Ao explicar a dinâmica sobre o ocorrido, Cavalcanti afirmou que, no dia dos crimes, o PM já havia ligado para o Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes), se apresentando e contando uma versão dos fatos, quando foi conduzido à Delegacia Regional de Vitória.

"Ele contou uma história mentirosa e o delegado ficou de mãos atadas, já que só tinha uma versão. Ainda no dia do fato, o delegado-geral Darcy Arruda acionou a divisão de Vitória e foi efetuada a prisão em flagrante de Lucas, levando em consideração a versão da Janaína, esposa do músico e testemunha ocular, que viu toda a cena; também foram consideradas as imagens do crime", disse a autoridade.

Da análise da cronologia do homicídio, entendeu-se que havia três pessoas presentes além da vítima, que seriam Lucas, o colega Jordan e uma testemunha.

"Quando Lucas sacou a arma e bateu na vítima, o Jordan se coloca ao lado do Lucas. Lucas bateu pela segunda vez na vítima, que tentou se defender. Nesse momento, o Jordan empurrou a vítima, tendo sido arremessada para longe. Lucas se aproveita e efetua um disparo que atinge o braço esquerdo. A bala entra, transfixa, bate no chão e fica dentro de um veículo. A vítima cai, Lucas ainda dá dois goles de bebida e impede que a esposa da vítima saia do local", relatou a autoridade policial.

Conclusão do inquérito

Sobre a conclusão do inquérito, o delegado Marcelo e também o delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, afirmaram que o autor principal e atirador, Lucas Torrezani de Oliveira, encontra-se preso preventivamente e que foi indiciado por homicídio duplamente qualificado pelos motivos fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima, bem como por abuso de autoridade.

Já o segundo autor, Jordan Ribeiro de Oliveira, que também teve denúncia recebida pela Justiça, mas que responde em liberdade, deverá responder também por homicídio duplamente qualificado, de acordo com a participação dele no fato. Os dois deverão ir a Júri Popular.

A Polícia Civil divulgou vídeo do momento exato em que o músico Guilherme Rocha foi assassinado. As imagens mostram o momento em que os dois homens discutem na entrada do prédio após uma série de acusações. Em seguida, o PM saca a arma e dispara contra o músico, que morre no local.

No momento do crime, o suspeito bebia com amigos na entrada principal do prédio, o que fez com que Guilherme, descesse do apartamento para reclamar do barulho, pois já passava das 3h, quando a discussão teve início.



Fonte: Folha Vitória 


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