Projeto em Vitória já avaliou 12.691 estudantes de janeiro a maio deste ano. Destes, 938 alunos da rede pública já estão utilizando óculos oferecidos pela prefeitura
Matheus sentia dificuldade para enxergar o quadro e conseguiu um óculos de grau por meio de um projeto da Prefeitura de Vitória - Foto: Gabriela Valdetaro | TV Vitória
Você já se viu na seguinte situação: pegar um livro para ler e mal conseguir enxergar as letras? Ou forçar a visão para compreender o que está escrito até sentir dor nos olhos? Era isso que o estudante Matheus Bryan Souza, de 12 anos, sofria antes de começar a usar seus óculos de grau, algo que se tornou possível a partir de um projeto de saúde implementado pela Prefeitura de Vitória.
"Sentia dificuldade. Eu não conseguia enxergar muito bem o quadro, apareciam duas camadas, tipo uma dupla face. Sempre tinha que sentar na frente. Irritava meu olho, saía até um pouco de lágrima porque eu forçava a vista", relembra o estudante.
Assim como Matheus, cerca de 20% das crianças com idade escolar apresentam problemas oculares, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Em muitas situações, o baixo rendimento nos estudos e o desinteresse pelas atividades escolares podem estar relacionados a problemas na visão.
Os erros de refração (miopia, hipermetropia e astigmatismo) não corrigidos são a principal causa de deficiência visual em crianças escolares.
"Se a criança não consegue ver o que está sendo passado no quadro, ela vai ter um problema no desenvolvimento escolar. Muitas delas podem ter daltonismo e não enxergar as cores. Muitas vezes por medo ou por vergonha dos coleguinhas, a criança não conta que está com dificuldade", explica a oftalmologista infantil, Hanna Teodoro.
"O ideal é começar o acompanhamento ainda no primeiro ano de vida, de preferência nos primeiros seis meses. Conseguimos fazer o exame oftalmológico completo, com avaliação da acuidade visual, se tem alguma alteração ou algum problema de grau", ressalta a médica.
Foto: Gabriela Valdetaro | TV Vitória |
Apesar do recomendado, nem todos os pais conseguem realizar o acompanhamento oftalmológico dos filhos desde cedo.
A merendeira Ana Paula Gomes, mãe de Matheus, soube da dificuldade do filho após um teste que o menino fez na própria escola.
"Meu esposo recebeu um telefonema da Prefeitura de Vitória dizendo que ele tinha feito um teste na escola, onde foi identificada a necessidade dele usar óculos. Nos passaram o encaminhamento, ele fez os exames certinhos e marcamos de ir na ótica buscar o óculos dele", conta a mãe.
Olhar Vitória atende mais de 40 mil pessoas
As avaliações oftalmológicas feitas nas escolas da rede municipal fazem parte do projeto Olhar Vitória, idealizado pela Secretaria Municipal de Saúde de Vitória (Semus). A ação atende mais de 40 mil crianças, jovens e adultos da rede pública e oferece óculos de graça para quem apresentar algum problema.
"Nós trouxemos esse projeto novamente para atender todas as escolas de Vitória. Atendemos todos com o teste inicial feito nas unidades de ensino e encaminhamos para o Centro de Especialidades ou para a Santa Casa de Misericórdia, que é uma parceira no projeto. Depois dos exames, o aluno sai com a receita médica e consegue escolher o modelo do óculos nas óticas credenciadas", explica Fabrícia Forza, subsecretária de Assistência à Saúde de Vitória.
Segunda a prefeitura, 12.691 estudantes foram avaliados de janeiro a maio deste ano. Destes, 3.832 receberam encaminhamentos para especialistas e 938 alunos da rede pública já estão utilizando os óculos de grau oferecidos pela prefeitura.
Um deles foi o aluno Miguel Gomes, de 9 anos. Ele realizou o teste de visão na escola onde estuda, no bairro Jesus de Nazareth. No entanto, os exames apontaram que a visão dele estava ótima.
Foto: Gabriela Valdetaro | TV Vitória |
"Minha médica falou para minha mãe que era para fazer e fomos para ver como estava a minha visão. Meus exames estavam todos bons. É importante para ver se estamos enxergando bem e se estamos bem para estudar", afirma.
Fila de pacientes de urgência zerada
Ainda segundo a Semus, a fila de pacientes que aguardavam exames oftalmológicos em caráter de urgência foi zerada.
"Vitória zerou nos últimos três anos a fila e temos um número de atendimentos já programados com contratos firmados. Temos a média de 45 dias a três meses de espera para o atendimento oftalmológico. A Capital tem prioridade de diminuir esse tempo com uma gama de exames que podem ser feitos pelos municípes", destaca a subsecretária.
Fonte: Folha Vitória