Café a "preço de banana" levou produtores rurais a mudarem de plantio e a criarem uma agroindústria para beneficiamento da banana.
Em Iconha, na região Sul do Espírito Santo, onde há inúmeras plantações e são produzidas 35 mil toneladas de banana por ano, a fruta é o ingrediente principal de pães, recheios de pastel, bolos e doces de uma agroindústria mantida por oito famílias de pequenos agricultores.
Erenilda Ferreira Guio, presidente da Associação de Agricultores de Campinho, contou que há cerca de 20 anos, os produtores decidiram estudar maneiras de plantar a fruta sem prejudicar o meio ambiente.
Produção de banana em Iconha, no ES. — Foto: Reprodução/TV Gazeta
"A ideia surgiu a partir de uma necessidade. O café estava com o preço muito baixo. Tinha necessidade de complementar a renda familiar. Como somos agricultores familiares, as propriedades são pequenas. A gente pensou em fazer algo diferente. Focamos em trabalhar a agroecologia e partiu pra montar a agroindústria", disse Erenilda.
Coração de banana é usado em receitas por produtoras do ES. — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Sem desperdício
Frutas sem valor comercial e até o coração ou umbigo da banana viram ingredientes para várias receitas. Nada é desperdiçado.
Erenilda explica que o mangará é um subproduto da banana que a maioria dos produtores joga fora. Antigamente, o ingrediente, que é uma fonte de energia, e substituiu a carne, é uma ótima fonte de energia.
"Com o passar dos anos, eles tinham meio que vergonha de usar esse produto, mas através de uma consumidora da Grande Vitória que sugeriu a gente se reuniu com o associado que já sbaia e resgatou uma cultura que eles tinham esquecido. É uma fonte de alimento muito boa. A gente faz receitas maravilhosas e todo mundo que experimenta adora", disse a presidente da Associação.
Os produtos da agroindústria são vendidos na feira de Iconha, não tem conservantes, abastecem feiras da Grande Vitória e são levados para fora do país pelos filhos dos clientes.
"Temos os fregueses que desde 2002 nossos patrocinadores e estão junto com a gente até hoje, fazem propaganda e defendem o nosso trabalho. Isso é incalculável. É um bem que a gente tem e não tem preço que paga", disse a Erenilda, presidente da Associação.
Aos 75 anos, Celésia Bonadiman Marion, segue com a mesma energia que tinha desde que entrou na associação.
"Por mim não acabaria nunca. Tô sempre firme e forte. É legal à beça. A gente trabalha com amor. Não é ganho. É a associação, companheiras, amigas conversando, trabalhando, inventando", disse a produtora.
Produtos feitos com banana em Iconha, no Sul do ES. — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Eduardo Oza, secretário municipal de Agricultura de Iconha, disse que a associação é um modelo no município, principalmente por causa do histórico de preservação ambiental e integração social.
"Eles sempre vem buscando desempenhar papéis importantes na sociedade, não somente na comercialização da fruta, mas também no beneficiamento e no reaproveitamento de partes que não eram reaproveitadas. Estão sempre buscando se aperfeiçoar, aprimorar sua capacidade de produção, aprimorar sua capacidade de vendas. É uma associação modelo que a gente gosta de estar junto e contribuir com esse desenvolvimento", disse o secretário.
Fonte: g1 ES