Cadelas são mortas a tiros por sargento da PM no meio da rua


Duas cadelas que fugiram da casa da tutora foram mortas a tiros por um sargento da Polícia Militar no bairro Tabuazeiro, em Vitória, na noite de terça-feira (27). A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Maus-Tratos da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) pediu a abertura de um inquérito para a investigação. A corporação disse que vai abrir uma sindicância para apurar o caso.

A pensionista Aleida Silva Tonini era a tutora da cadelas, que tinham o nome de Pipoca e Pitty. De acordo com a mulher, os animais eram dóceis e conhecidos por todos os vizinhos, mas na noite do crime elas teriam fugido de casa.

"Quando o entregador de gás saiu, por volta das 20h, elas devem ter saído pela lateral. Estava escuro. Uns 20 minutos depois eu escutei rojão e escutei tiro. Daí minha vizinha começou a gritar no meu portão perguntando se minhas cadelas estavam no meu quintal. Eu disse que sim, porque tinha colocado elas na caminha delas, né? Só que eu procurei e não as encontrei", disse Aleida.

Filho de Aleida, o funcionário público Fabiano Silva Tonini ainda tentou socorrer a Pitty, que estava respirando.

"Infelizmente, ela veio a óbito na mesa de cirurgia na hora em que a médica foi começar o procedimento", disse Fabiano.

Policial disse que os animais eram de grande porte

Cadelas são mortas a tiros por sargento da PM no meio da rua em Vitória — Foto: Reprodução/TV Gazeta

De acordo com o Boletim de Ocorrência, o sargento disse à Polícia Militar que atirou nos dois cachorros pois eles eram animais "de grande porte" e teriam ficado agressivos.

Veja a nota da polícia na íntegra:

"Na madrugada desta quarta-feira (28), policiais militares foram acionados para verificar a informação de que havia um PM efetuando disparos de arma de fogo no bairro Tabuazeiro, Vitória. No local, o militar, juntamente com a mãe, relatou que ao sair da residência da genitora, deparou-se com três cães de grande porte, agressivos e soltos próximos ao carro dele. Com o intuito de afastá-los, o policial disse que, primeiramente, arremessou água contra os animais, porém sem êxito.

Posteriormente, utilizou ripas de madeira, mas também não obteve sucesso. Em seguida, os cães ficaram ainda mais agressivos e foram na direção do PM e da mãe dele para atacá-los. Neste momento, o militar efetuou dois disparos a fim de proteger a própria integridade física e também da sua mãe.

Um cão foi alvejado, ocasionando o óbito. Os demais fugiram. A tutora dos animais, que é conhecida das partes, mas não estava no local no momento do fato, recolheu o cão que estava sem vida sem questionar a ação do policial. A Polícia Militar, por meio da Corregedoria, informa que será instaurada uma sindicância para apurar o caso".

Questionada sobre o assunto, a Polícia Civil disse o caso será investigado.

CPI pediu abertura de inquérito

A CPI dos Maus-Tratos, da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), foi acionada para caso. De acordo com a deputada estadual Janete de Sá (PSB), tudo teria acontecido porque as cadelas entraram em uma área perto da casa do policial.

"Existe um sentimento de pertencimento de uma servidão que dá acesso à área do possível autor dos disparos. Tanto pessoas como animais que chegam nessa área próxima da entrada para a casa deles, gera incômodo. Isso já foi motivo de demanda inclusive judicial. O que nós temos é um fato lamentável em que um policial militar alveja e leva à morte dois animais indefesos que não estão acostumados com rua, dois animais caseiros, dóceis", disse a parlamentar.

O caso deve ser investigado. "Estamos pedindo abertura de um inquérito policial, temos as câmeras, e entramos em contato com a polícia para saber das testemunhas", disse a deputada.

Saudade

Cadelas são mortas a tiros por sargento da PM no meio da rua em Vitória — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Pitty e Pipoca foram adotadas há quatro anos. O quintal da casa era grande e as cadelinhas não tinham costume de sair de casa.

"Meu filho sai para a faculdade de manhã. De lá ele vai trabalhar na Serra e só chega à noite, então elas eram a alegria da casa. Minhas netas brincavam nesse quintal com elas, filhos de vizinhos, a família toda", lembrou a pensionista.

Fonte: G1


Postagem Anterior Próxima Postagem