Do futebol ao videogame: como será a saúde da coluna das próximas gerações?

Ortopedista explica que crianças e adolescentes estão tendo problemas na coluna cada vez mais precoces

Foto: Reprodução/Freepik - @wayhomestudio

Do futebol ao ar livre para o videogame no sofá: pode-se dizer que vivemos em uma epidemia de problemas na coluna. Antigamente, as crianças brincavam nas ruas, pulando de amarelinha, pega-pega e empinando pipa, ao lado de vizinhos e familiares.

Agora, a diversão passa a acontecer pelos smartphones, onde estão conectados com milhões de outras crianças mundo afora, sentados em uma cadeira específica para jogo, muitas vezes, numa posição que prejudica a saúde da coluna.

Lourimar Tolêdo é médico ortopedista - Foto: Reprodução / Instagram

O novo estilo de vida tem impactado as gerações Z e Alpha, que têm tido problemas e dores nas costas de maneira cada vez mais precoce.

Conforme o ortopedista membro da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC), Lourimar Tolêdo, o corpo humano não foi feito para ficar dez horas sentado numa cadeira sem se movimentar.

“Muitas crianças passam a manhã sentadas nas escolas e depois ficam em casa durante a tarde em frente à televisão ou brincando com tablet – e corpo não aguenta”, afirmou o especialista.

Há diversas consequências posturais que assolam as crianças e os adolescentes atualmente.

Em centros urbanos, como a Grande Vitória, no Espírito Santo, as crianças vivem em seus apartamentos que, por muitas vezes, não possuem espaço para correr e se movimentar.

O ortopedista fala de outro fator que desencadeia problemas na coluna das crianças:

“Também temos que considerar o tempo e os novos hábitos da sociedade pós-pandêmica como uma causa para o aumento dos casos de crianças com problemas na coluna. Nas famílias em que os pais trabalham o dia todo, torna-se mais difícil acompanhar os filhos em passeios ou levá-los a praticar um esporte, sobretudo, a estimular a criança a se movimentar. Acredito que as preocupações mudaram e, com elas, a saúde física e mental infantojuvenil também”, disse.

Números comprovam

O uso prolongado de telas é um dos fatores de risco para a saúde da coluna, mostra estudo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e publicado na revista científica Healthcare.

Foram avaliados 1.628 estudantes de ambos os sexos, entre 14 e 18 anos, matriculados no primeiro e segundo ano do ensino médio no período diurno, na área urbana do município de Bauru (SP), em 2018.

A pesquisa constatou que de todos os participantes, a prevalência de um ano foi de 38,4%, o que significa que os adolescentes relataram dor nas costas.

Dicas para cuidar da coluna

O médico enfatiza que o exemplo deve vir da família: “segundo pesquisas do IBGE, mais de 40% dos adultos são considerados sedentários no Brasil. Portanto, os adultos precisam ser referência de saúde para os filhos, para que ao invés de ficar assistindo séries em casa, possam sair de seus lares para se movimentar, a fim de garantir a saúde da coluna das crianças e dos adolescentes”, concluiu.

O especialista ainda deixou algumas dicas para os pais:

• Intercalar as atividades on-line com as atividades offline: é importante que as crianças pratiquem atividades físicas;
• Ensinar a postura correta quando estiverem sentadas ou em pé: a coluna deve ficar ereta;
• Ao sentar, as costas precisam estar apoiadas no encosto;
• Na cadeira, os pés precisam estar apoiados sobre o chão;

Fonte: Folha Vitória

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