Motorista que abandonou ônibus lotado no meio de avenida, era 'calmo e tranquilo', diz colega


Condutor da linha 397 (Campo Grande x Candelária), na cidade do Rio de Janeiro, embarcou em outro coletivo e deixou passageiros para trás

Motorista abandona ônibus lotado na Avenida Brasil e vai embora em outro / Agência O Globo

Um colega que trabalha na mesma linha do motorista que abandonou ônibus lotado na Avenida Brasil afirmou que o condutor é uma pessoa “calma, tranquila e que não tem histórico de se envolver em confusão”. O caso, que aconteceu na última quarta-feira, ganhou repercussão nas redes sociais após o motorista ser filmado deixando ônibus que pilotava da linha 397 (Campo Grande x Candelária) lotado de passageiros na Avenida Brasil, altura da Zona Oeste, e ir embora em outro coletivo. A cena inusitada surpreendeu quem passava pela local.

No vídeo, motorista do coletivo aparece na pista, fazendo sinal de aceno. Em seguida, as imagens mostram a situação do ônibus abandonado da Transportes Campo Grande, com passageiros em pé. O registro continua e mostra o coletivo onde o condutor entrou indo embora.

Ainda segundo o colega, a empresa Transportes Campo Grande, que opera a linha, orienta os profissionais a não deixarem os passageiros a pé. Segundo o profissional, a viação não impõe limite entre o número de passageiros em pé ou sentados, o que, muitas vezes, ocasiona a superlotação dos coletivos, como o flagrante do vídeo.

O Sindicato dos Rodoviários ressaltou que a categoria vem sofrendo com alto nível de estresse ocasionados pelas condições precárias de trabalho, que, segundo a instituição, levam os profissionais a terem atitudes como esta.

— Infelizmente os motoristas sofrem inúmeros tipos de constrangimentos por parte de alguns usuários, como em relação à demora em dar o troco da passagem, por exemplo. Já que hoje os motoristas acabam fazendo a dupla função como trocador. O estresse vivido quanto a jornada excessiva de trabalho imposta pelas empresas e a falta de segurança nos coletivos — afirmou o presidente do sindicato, Sebastião José.


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'Todo dia uma confusão diferente'

Ponto final da linha 397 na Candelária — Foto: Agência O Globo

Paulo Vitor é passageiro da linha 397 há mais de dez anos. Ele afirmou ser comum haver algum problema entre os usuários e os motoristas. Segundo o atendente, que mora em Campo Grande e trabalha no Centro do Rio, quase sempre ele presencia uma confusão diferente.

— As brigas acontecem todos os dias. Os passageiros implicam com os motoristas, às vezes é ao contrário. Tem que haver mais educação da população mesmo. Vi o vídeo do motorista indo embora e não acho que ele esteja errado. Se estavam ameaçando ele e se corria risco de vida, tem que se proteger. As pessoas estão assim hoje em dia: levam tudo a ferro e fogo. Aqui (no coletivo) todo dia tem uma confusão diferente, o problema é que nem sempre alguém filma — afirmou o passageiro.


A reportagem procurou a Transportes Campo Grande, através do Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro (Rio Ônibus), que preferiu não se manifestar sobre o caso. 

Em nota, o Rio Ônibus afirmou que os colaboradores do sistema municipal de transportes são acompanhados por seus gestores. Além disso, a entidade salientou que “se empenha em valorizar a categoria e incentiva que os profissionais busquem acompanhamento psicológico e outros tratamentos de saúde, oferecidos gratuitamente através da parceria firmada entre o sindicato e o SEST SENAT”.

A instituição também não informou se o motorista registrou as ameaças na delegacia. Já a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) disse que notificará o consórcio a prestar esclarecimentos sobre o ocorrido e informar as medidas adotadas.


Fonte: O Globo


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