Consultora diz que pais devem se perguntar de quanto podem abrir mão sem correr o risco de comprometer seu próprio futuro.
Danielle Howard é consultora de finanças há mais de 25 anos e costuma dizer que aprender a poupar e fugir das armadilhas que drenam nossos recursos “é uma jornada, não um destino”. Compara a construção da saúde financeira às estações do ano:
- Na primavera, que corresponde aos primeiros anos da vida adulta, é preciso investir na educação financeira.
- O verão, quando estamos no auge da produtividade, é a fase da acumulação – e nunca devemos imaginar que vai durar para sempre.
- No outono, reveja hábitos de consumo e busque outras fontes de rendimento para preservar o patrimônio.
- No inverno, esteja preparado para fazer frente à despoupança, porque mesmo quem se previne pode estar sujeito a turbulências.
Danielle Howard, consultora financeira há mais de 25 anos, alerta para a forma como lidamos com os filhos quando o assunto é dinheiro — Foto: Pasja1000 para Pixabay |
Publicado em 2017 e sem tradução para o português, seu livro “Your financial revolution: time to recognize, revitalize and release your financial power” (“Sua revolução financeira: tempo para reconhecer, revitalizar e liberar seu poder financeiro”) se baseia em quatro pilares: como ganhamos dinheiro; como decidimos gastá-lo; o que fazer para proteger e ampliar o patrimônio; como aproveitá-lo dentro de limites seguros, onde ensina:
“Estamos tendo dificuldades para ver a diferença entre as necessidades da alma e o que ego exige. Vamos delegando nosso poder de decidir para o marketing e a mídia, com a ideia elusiva de que felicidade é o mesmo que autoindulgência.”
Um dos pontos para os quais chama atenção é a forma como lidamos com os filhos quando o assunto é dinheiro. De acordo com levantamentos de instituições financeiras nos EUA, 51% dos norte-americanos vêm sacrificando o que pouparam para ajudar filhos adultos. Evitando fazer julgamentos, Danielle propõe que a decisão esteja embasada num acrônimo da palavra “respect”, respeito em inglês:
- R de resources (os meios): comissários de bordo enfatizam que, em primeiro lugar, devemos pôr a máscara de oxigênio para depois socorrer quem está ao nosso lado. Portanto, a pergunta inicial é: de quanto você pode abrir mão sem comprometer seu próprio futuro?
- E de ego: faça uma análise criteriosa de como seus filhos adultos usam o dinheiro que destina a eles. Será que está sendo gasto para necessidades básicas ou você financia autoindulgências?
- S de soul (alma): o que realmente motiva a ajuda faz muita diferença. O objetivo pode ser um negócio decolar, um aprimoramento da educação que signifique ascensão profissional, ou até questões de saúde. Pergunte “por que” antes de se preocupar em “como”.
- P de pain or process (dor ou processo): ninguém gosta de ver os filhos sofrendo mas, se não souberem lidar com a adversidade, os privamos da possibilidade de crescer e desenvolver sua integridade financeira. É preciso experimentar o esforço.
- E de entitlement (ter o direito de): sinal amarelo se eles acham que merecem auxílio apenas porque são os herdeiros, sem se preocupar com suas necessidades. Na maioria dos casos, o abuso financeiro de idosos ocorre dentro da família.
- C de control (controle): pergunte-se se não haveria um desejo oculto seu de controlar a vida deles.
- T de timing (tempo): não aja impulsivamente e planeje os próximos passos. Agora ou mais tarde? Quanto é suficiente? Qual será o limite?
Fonte: G1