Polícia Civil do Espírito Santo apreendeu a droga duas vezes na Grande Vitória este ano. Substância é considerada 100 vezes mais forte do que a morfina e pode ser fatal.
Drogas e material para refino e embalo de entorpecentes estavam numa casa inabitada em Vitória — Foto: Divulgação/PM
Diante das apreensões de fentanil no Espírito Santo, a Polícia Civil está investigando se a droga está sendo desviada de hospitais, onde a substância é utilizada para atender pacientes com dores intensas ou em cirurgias. De janeiro e agosto, a corporação apreendeu o opioide duas vezes na Grande Vitória.
"Não temos dúvida de que [o fentanil] está sendo desviado de hospitais. Esse material é hospitalar, utilizado como anestesia", disse o delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda,.
Segundo o delegado-geral, os traficantes misturam o fentanil com outras drogas. A polícia está investigando para descobrir como os traficantes estão conseguindo a substância.
"Nós poderemos começar a colher mortes aqui no Espírito Santo como está acontecendo nos Estados Unidos, uma média de 80 mortes por dia, uma epidemia por uso indevido do fentanil como droga", pontuou o delegado.
O fentanil é um anestésico 50 vezes mais viciante que a heroína e 100 vezes mais forte do que a morfina. E a polícia também acredita que pode estar sendo usada até em cigarros eletrônicos.
Apreensões de fentanil no estado
Substância vem do citrato de fentanila, 100 vezes mais forte que a morfina e pode ser fatal. Droga foi apreendida em Cariacica, Grande Vitória, ES. — Foto: Reprodução/TV Gazeta
No primeiro registro, realizado no dia 11 de fevereiro, a polícia apreendeu de 31 frascos do opioide, após a desarticulação de um laboratório de drogas em Cariacica, na Grande Vitória. Na época, o delegado titular do Departamento Especializado em Narcóticos (Denarc) disse que encontrar a droga no estado era motivo de preocupação.
"É uma droga de grande efeito viciante, é uma droga fatal. Nos Estados Unidos, no ano de 2021, mais de 100 mil americanos morreram por conta do uso desse entorpecentes, então nos preocupa principalmente chegando nesse período de carnaval", disse o delegado Tarcísio Otoni.
A segunda vez que a droga foi encontrada foi na tarde de terça-feira (9), quando a polícia encontrou um laboratório de entorpecentes do tráfico, no Bairro da Penha, na Capital. Ao todo, 41 frascos de citrato de fentanil foram encontrados, além de outras substâncias e produtos, como cocaína, hemitartarato de norepinefrina, boro, anestésicos, éter, acetona, máscaras para gases tóxicos e balanças de precisão.
Esta apreensão foi durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão. Segundo a Polícia Militar, os agentes foram até o endereço e, quando estavam chegando perto, viram dois suspeitos armados na frente de uma casa. A dupla conseguiu fugir. O material foi encaminhado para a Delegacia Regional de Vitória.
Riscos para a saúde
O fentanil é um opioide sintético indicado para o tratamento da dor e também como complemento para anestesia local ou geral — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
Conforme reportagem do g1 ES, o psiquiatra e membro da Associação de Psiquiatria do Espírito Santo, José Luis Leal de Oliveira, disse que os riscos do uso do fentanil são diversos e podem ser fatais.
Ainda segundo o psiquiatra, o fentanil pode ser misturado com outras substâncias com o objetivo de aumentar os efeitos alucinógenos, aumentando os riscos à saúde.
"O primeiro risco é a maior chance de dependência porque tem os efeitos prejudiciais também são potencializados. A outra é que estas drogas, a exemplo da flor gringa, causam perturbação mental, ou seja, podem causar surtos como acontecem em pacientes com alterações psicóticas", disse.
Especialista em dependência química, o professor de Farmacologia Clínica do curso de Medicina da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Roney de Oliveira explicou que o Fentanil é uma substância cara.
Se o custo dela for vantajoso, vai ter comercialização e muito mais fácil a sua popularização. O fentanil, por exemplo, não é encontrado no Brasil com frequência. Não é uma droga barata porque não pode ser feita em qualquer instalação, logo tem um poder aquisitivo maior. Por isso, é mais comum em países com o poder aquisitivo da população é maior", disse.
De acordo com o professor, a melhor forma de evitar a popularização destas novas drogas é por meio de uma cultura voltada para a prevenção.
"A questão de quão preparado que as pessoas devem estar é a preparação de sempre, a atenção aos nossos filhos, à educação. Segundo dados que temos, muitas pessoas entram nas drogas porque têm alguma alteração psiquiátrica que não foi tratada, como depressão, transtorno de ansiedade, entre outras. É uma falha do sistema de saúde e educação", disse.
Da Redação / Com informações do g1 ES