Filipe do Nascimento, de 22 anos, morreu durante operação da polícia em resposta à morte de um PM da Rota em Guarujá (SP). Amigo contou policiais jogaram ele em um 'barraco', mataram e colocaram um saco na cabeça.
Filipe do Nascimento, de 22 anos, morreu durante operação da polícia em resposta à morte de um PM da Rota em Guarujá (SP) — Foto: Reprodução |
Uma das pessoas mortas na operação policial em Guarujá, no litoral de São Paulo, Filipe do Nascimento, de 22 anos, teria sido executado a dez metros de casa, segundo o chefe e amigo Douglas Brito. Ele contou ao g1, nesta quarta-feira (2), que o rapaz tinha saído comprar macarrão quando foi baleado. A Secretaria de Segurança de São Paulo (SSP-SP) informou que as 14 mortes registradas, até o momento, foram em confrontos com policiais.
Filipe morreu no Beco Canaã, no bairro Morrinhos 4, na última segunda-feira (31). A namorada contou à Brito que o jovem havia saído de bicicleta, por volta das 20h. Ela ouviu os disparos poucos minutos depois.
A mulher disse ter deixado o imóvel e visto os policiais jogando a bicicleta do companheiro no mangue. Ao perguntar aos agentes sobre Filipe, ela contou ter ouvido que o rapaz não estava entre os dois mortos da noite. Na sequência, ela teria sido levada à casa de um vizinho pelos policiais.
A namorada contou à Brito que o jovem já havia sido preso por tráfico de drogas, mas que não gostava de falar sobre o assunto porque ele tinha deixado o crime. Filipe trabalhava em uma barraca na praia das Astúrias.
"É um pessoal mais humilde, pobre. A maioria é tudo preto. Eles [policiais] vão lá e fazem o que querem. Ainda mais o moleque que tinha passagem. Os caras matam mesmo e tudo nessa [Operação Escudo] é troca de tiro, mas é mentira", disse.
Sem informações sobre o rapaz, a namorada foi à delegacia de Guarujá e foi orientada a procurar nos hospitais da cidade. Brito a ajudou durante as buscas. Ele foi informado que um homem de casaco e boné preto -- as mesmas roupas de Filipe -- tinha sido levado para um um barraco. Testemunhas revelaram à ele o que havia sido feito com Filipe. "Mataram e colocaram um saco na cabeça".
O corpo de Filipe foi identificado nesta terça-feira (1), no Instituto Médico Legal (IML) de Praia Grande (SP). Como a família do jovem é de Pernambuco e o casal não era casado no cartório, ainda não há definição sobre o velório.
O g1 entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), que, em resposta, enviou o link da coletiva de imprensa do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, mas este nada falou sobre o caso de Filipe.
Fonte: G1