Médica atua em projeto que vai usar Inteligência Artificial para diagnosticar câncer de pele

Em evento sobre saúde, em Vitória, Patrícia revelou detalhes sobre pesquisa que pretende usar algoritmos e AI no diagnóstico da doença

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

O uso da Inteligência Artificial (AI) em prol de avanços nos serviços de saúde foi um dos principais temas debatidos no "Saúde em Fórum - Conectando quem produz Saúde", evento realizado nessa sexta-feira (04) no Centro de Convenções de Vitória, e que reuniu representantes de instituições públicas e privadas, bem como profissionais e pesquisadores da área da Medicina.

No painel "Inovação e Saúde", por exemplo, a médica capixaba Patrícia Deps, professora titular do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), contou como tem sido sua experiência como pesquisadora em um projeto que pretende usar algoritmos e AI para o mapeamento e diagnóstico do câncer de pele.

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória


Ela integra um grupo formado por pesquisadores da Sociedade Israelita Albert Einstein. A equipe de estudiosos tem buscado caminhos para aplicar o uso da AI no aprimoramento dos serviços de saúde. A iniciativa inclusive tem a chancela do governo federal, por meio do Ministério da Saúde.

À reportagem do Folha Vitória, em entrevista concedida logo após sua participação no evento, Patrícia explicou, de maneira detalhada, como vai funcionar o uso da tecnologia, através de mapeamento feito por algoritmos, na identificação e tratamento do câncer na pele.

Conforme a médica, o uso de algoritmo fará parte da primeira fase do diagnóstico e tratamento deste tipo de patologia por meio de AI.
"Algoritmo e Inteligência Artificial (AI) são as palavras-chave dessa primeira fase, que é a fase em que é interpretado o que aquela doença mostra na imagem ou algo específico dela", disse Deps.

A segunda parte do processo, ainda de acordo com Patrícia, começa a partir da criação de um banco de dados em que são armazenadas informações acerca de cada tipo de doença investigada.

"A gente tem um banco de informações para cada doença. Esses dados, em seguida, serão usadas para ensinar a máquina (AI) a interpretar as informações sobre cada uma das doenças", afirmou.

Ao ser questionada sobre que função ocupa no grupo de pesquisadores, a médica capixaba ressaltou que foi convidada para participar da equipe formada por profissionais de diversas partes do país e também do mundo, para atuar na interpretação dos algoritmos desenvolvidos pelos cientistas de dados da equipe.

"O meu trabalho é identificar como serão trabalhados por mim junto aos profissionais da atenção primária dos serviços de saúde, os algoritmos desenvolvidos pelos cientistas de dados do grupo de pesquisadores. Na, a minha função tem sido ajudar a equipe a pensar esse projeto e dizer o que funciona e o que não funciona no nosso campo de pesquisa", disse Patrícia.

Sobre as expectativas para a efetivação do diagnóstico de câncer de pele com uso de algoritmos e AI na rede de saúde do país, a médica ressaltou que a estimativa é que essa tecnologia comece a ser testada a partir de 2026.
"Agora, na primeira fase, a gente precisa apresentar algum resultado até dezembro deste ano; a partir de 2026, vamos precisar estruturar melhor os algoritmos e começar a validação clínica, que é quando colocaremos o aplicativo à disposição dos dermatologistas que fazem atendimento na atenção primária e também dos pacientes. Faremos ainda alguns testes, uma vez que o processo envolve uma série de análises", frisou.

Uso da IA como aliada nos serviços de saúde

Defensora do uso da Inteligência Artificial no desenvolvimento da medicina e dos serviços de saúde, Patrícia destaca que as pessoas têm uma visão equivocada, segundo ela, deste tipo de tecnologia.

No entendimento da especialista, isso ocorre em função da forma pouco didática e esclarecedora com que o assunto é abordado. "Há algumas notícias relacionadas ao uso da Inteligência Artificial que realmente assustam as pessoas".

Por isso, ela destaca ser importante discutir claramente sobre todos os benefícios e avanços que a AI pode proporcionar para a área da Saúde.

"Primeiro é importante pontuar que uso da Inteligência Artificial na medicina precisa ter uma abordagem multiprofissional, como ocorre na abordagem de bioética. Por isso, é importante que juristas, especialistas em ciências sociais e humanas estejam nesse debate, já que essa inovação não pode deixar de usada, descartada, uma vez que estamos falando sobre algo que trata diretamente sobre a melhoria da qualidade de vida humana", asseverou.

Jurista defende regulamentação do uso da AI nos serviços de saúde

Também palestrante no evento “Saúde em Fórum – quem Conectando que produz saúde”, consultor jurídico José Toro da Silva, da Unidas Autogestão em Saúde, sustenta que é necessário haver regulamentação do uso da AI na medicina e nos serviços de saúde.

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória


Ele, que participou de painel anterior ao de Patrícia, afirmou haver o risco concreto de "as pessoas serem atendidas por máquinas", o que pode comprometer o que o jurista chama de "humanização do atendimento médico".

"Não podemos negar que o uso de Inteligência Artificial já é uma realidade. Na área da Saúde, por exemplo, essa tecnologia faz uma análise de imagem melhor que o olho humano. Então, não tenho dúvidas de que teremos aproveitamento da Inteligência Artificial na saúde, mas é preciso regulamentar essa questão", disse.

Entre os argumentos apresentados pelo jurista para defender a regulamentação da AI na medicina está necessidade de, segundo, primeiro entender quais os critérios que serão utilizados na implantação desta tecnologia nos serviços de saúde.

"As pessoas precisam saber mais sobre isso, já que, de repente elas podem achar que estão sendo consultadas por um médico, quando na verdade estão sendo avaliadas por uma máquina", concluiu.

Lideranças discutiram rumos da saúde nos próximos anos

O "Saúde em Fórum - Conectando quem produz Saúde" reuniu médicos e profissionais da área da saúde, lideranças empresariais e investidores, além de representantes de instituições como Senac, Sebrae, Deloitte, Unidas, Hugb e Harvard.

Fonte: Folha Vitória

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