Pai solo aos 17 anos viraliza com rotina de cuidados com o filho

Douglas Santos viralizou nas redes sociais mostrando a rotina com o filho, Erick Dylan, no Ceará. — Foto: Arquivo pessoal

O jovem Douglas Santos, morador de Tianguá no Ceará, tem dois motivos para comemorar este domingo (13): o aniversário de 20 anos e o Dia dos Pais. O filho dele, Erick Dylan, nasceu quando Douglas tinha 14 anos. Menos de três anos depois, Douglas precisou assumir o papel de pai solo, após a morte da ex-namorada, Ester Cristina, devido a uma dengue hemorrágica.

Os vídeos mostrando a rotina cuidando sozinho do filho viralizaram, e hoje são a única fonte de renda da família. “Quando a mãe do meu filho faleceu, eu quis largar tudo para cuidar do meu filho, mas eu sabia que tinha de trabalhar porque ele precisava comer, ter roupa. Então, eu pedia a Deus uma oportunidade de trabalhar e conseguir cuidar dele”, disse Douglas.

O influenciador digital disse que teve pouca rede de apoio; a principal parceira foi a mãe dele. Atualmente, ela cuida da criança quando Douglas precisa se ausentar por algum compromisso.

“De maneira mais próxima, foi só minha mãe. Ela foi me ajudando a cuidar do Dylan sozinho. Ela me ajudou bastante nesse processo, apesar que morava longe da gente”, comentou. O casal e o filho moravam no Centro da cidade, e a mãe morava em outra região.

“Para eu aprender essa nova rotina, demorou muito tempo. Foram uns seis meses. Era muito desafiador no início, mas nunca pensei em desistir porque eu precisava manter meu filho”, lembrou o jovem.

Rotina viralizada

Douglas trabalha como influenciador digital, e tira toda a renda da internet. — Foto: Arquivo pessoal

Douglas começou a focar nas redes sociais após produzir um vídeo em dezembro de 2021 contando a própria história, sobre a morte da ex-namorada e as dificuldades de criar um filho sozinho. O vídeo atingiu 15 milhões de visualizações em cerca de oito dias. Atualmente, Douglas tira toda a renda mensal da produção de conteúdo para internet — trabalho acompanhado por mais de 300 mil seguidores nas redes sociais.

"Eu não sabia o tamanho da proporção que isso [redes sociais] dava, até porque nunca tive minha vida muito exposta como tenho hoje", declarou. Ele disse que a ideia também teve um reforço de uma amiga, que conversou com ele e o incentivou a continuar produzindo os vídeos.

“Acabou que escutei o conselho que ela me deu. Claro que, para eu aprender, demorou muito tempo, porque eu não sabia como funcionava, e não tinha apoio de alguém me ajudando.

Pai na adolescência

Dylan nasceu meses antes de Douglas completar 15 anos — a mãe da criança era um ano mais velha que o pai. Eles, então, decidiram morar juntos. A pouca idade e a falta de experiência se somaram à necessidade de trabalhar, estudar e cuidar do filho na rotina do casal.

“Eu não queria parar de estudar porque queria dar um futuro para meu filho e minha família, mesmo sabendo que ia ser difícil. Então, eu estudava pela manhã e trabalhava de tarde e noite”, disse Douglas.

“Eu chegava por volta de meia-noite e ainda ia ficar com meu filho porque eu via a mãe dele cansada. Todo dia era essa mesma rotina. Só eu trabalhava para poder sustentar a casa”, complementou.

Quando a mãe de Dylan morreu, o jovem ainda estudava; fazia o terceiro ano do ensino médio. Foi a mãe dele quem o ajudou a cuidar da criança para ele finalizar o ano letivo.

Denúncia por negligência

Ester faleceu aos 18 anos por um quadro de dengue hemorrágica que evoluiu rapidamente. A jovem era estudante de Pedagogia. “Ela me falou que estava sentindo algumas dores nos peitos, nas costas, falta de ar. Ela acabou indo para a UPA, mas eles não passaram exames para ela”, lembrou Douglas.

“Só foram tentar fazer alguma coisa quando ela estava prestes a falecer. Aí já não dava mais tempo”, lamentou o jovem. Douglas disse que entrou com um processo contra a unidade de saúde e um hospital do município.

A reportagem questionou a Prefeitura de Tianguá sobre o processo e a denúncia de negligência médica no caso da jovem. Contudo, o município respondeu apenas que o caso foi encaminhado para a Secretaria da Saúde, devido à suspeita de dengue hemorrágica, mas essa hipótese foi descartada. A prefeitura não respondeu sobre o processo.

Fonte: G1

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